Neste início de ano, o Movimento pela Base acompanha com atenção a volta às aulas presenciais. Bebês, crianças e jovens foram os grupos mais prejudicados pela pandemia nos últimos dois anos, sobretudo pela privação de seu processo de desenvolvimento e aprendizagem na escola. Em novembro de 2020, somamos 5 milhões de crianças e jovens sem acesso à educação, o mesmo número registrado há duas décadas, em 2000 (Unicef). Em 2021, eram 244 mil crianças e jovens brasileiros não matriculados, 171% a mais do que em 2019 (Todos pela Educação/Pnad).

Embora o esforço das redes e escolas para seguir com o processo de ensino-aprendizagem seja notável desde o início da pandemia, e diferentes caminhos tenham sido explorados para seguir com as aulas, as evidências mostram que, além da evasão, a suspensão das atividades presenciais acentuou também a defasagem de aprendizagem. O número de crianças entre 6 e 7 anos que não sabem ler nem escrever aumentou 66,3% durante a pandemia, subindo de 1,43 milhão (2019) para 2,39 milhões no ano passado (Todos pela Educação/Pnad). Nos anos finais do ensino fundamental, outro estudo aponta que a proficiência dos estudantes em Língua Portuguesa e Matemática pode sofrer atraso de até quatro anos (FGV EESP Clear e Fundação Lemann). No Ensino Médio, estudantes que terminaram o segundo ano em 2020 iniciaram o último ano previsto para a etapa 10 pontos atrás do que seria esperado na escala do Saeb (Insper). As evidências mostram ainda que estudantes aprenderam online apenas 28% do que aprenderiam em aulas presenciais (BID). 

O Movimento pela Base acredita que o retorno às aulas presenciais é fundamental para mitigar as perdas causadas pela pandemia e colocar os estudantes de volta às suas jornadas de aprendizagem. Para isso, será preciso investir ainda mais em estratégias de busca ativa e de flexibilização curricular, de maneira a reverter o abandono e para que sejam priorizadas aprendizagens essenciais. É preciso também acolher estudantes, famílias e educadores, mantendo um diálogo constante entre casa e escola, reforçando vínculos no retorno às salas de aula e o trabalho em conjunto para o cumprimento do direito à educação de qualidade para todos.

Acreditamos ainda que só é possível efetivar a proposta de desenvolvimento integral determinada pela BNCC, e que é direito de todos os estudantes, por meio da convivência e das vivências que são próprias do ambiente escolar. Assim como a volta e a continuidade das aulas presenciais deve ser prioritária, é imprescindível que todos os protocolos – como uso de máscara, distanciamento, isolamento daqueles com sintomas/ infectados e vacinação de adultos, jovens e crianças – sejam viabilizados e seguidos, para que toda a comunidade escolar esteja segura.