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Um currículo para nivelar as aprendizagens: conheça estratégia do Piauí para 2021

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Antes da pandemia, a rede estadual do Piauí já trabalhava o ensino híbrido para driblar os mais de mil quilômetros de extensão e alcançar as mais de 600 escolas estaduais. Um dos exemplos de mediação tecnológica é o Canal Educação, que é da Secretaria de Estado da Educação do Piauí, a Seduc, e está subsidiado na TV Educativa, pertencente ao estado. 

Aulas e formações são transmitidas tanto para escolas que dispõem de estrutura de internet como também em canais televisivos para as que não têm acesso. 70% das escolas já utilizavam esses canais antes do isolamento social. 

Porém, mesmo com experiência no ensino híbrido, o Piauí, como os demais estados brasileiros enfrentou problemas durante a pandemia. Nem todos os alunos tinham acesso à internet e a piora nos índices econômicos afetou financeira e socialmente as famílias, afastando estudantes da escola. 

“Para recuperar um ano educacional como 2020, será preciso muito mais que um ano. Basta pensarmos em estudantes do Ensino Fundamental que estavam no processo de alfabetização. Eles terão prejuízo, porque alfabetizar é uma atividade presencial, que envolve sociabilização, humanização”, aponta o professor Carlos Alberto Pereira, superintendente de Educação Básica da Seduc.  

Por essa razão, para o ano letivo de 2021, a rede estadual está comprometida com a busca ativa dos estudantes que não estão mais na escola e com um programa de nivelamento de currículo. “Construímos o programa Juntos para Avançar. Ele visa restabelecer o processo educacional e resgatar as aprendizagens que foram prejudicadas no ano de 2020. Por isso, o ano de 2020 continua no primeiro trimestre de 2021. O propósito é equilibrar a matriz de focos para os alunos do ano anterior que não conseguiram agregar o valor necessário nas suas aprendizagens”, complementa o professor.

Juntos para avançar

Do início do ano letivo até o mês de abril, estudantes de todos os anos terão três meses de nivelamento escolar. A ideia é fazer uma recuperação dos conteúdos, resgatando saberes progressivamente e de acordo com os tempos de  aprendizagem de cada um. A expectativa da rede é que esse nivelamento não se limite a 2021, mas perdure pelos próximos anos, para dar conta das lacunas provocadas durante a pandemia. 

“A ideia sustentada é que não reprovemos nenhum estudante e que o currículo aja como um corretor de fluxo. Queremos recuperar todos os alunos e, para aqueles que tiveram que abandonar a escola por alguma razão, queremos que sejam geradas novas oportunidades. Aos educadores, cabe olhar os estudantes com atenção, entendendo os que vão precisar de mais apoio”, adiciona Carlos. 

Outra prerrogativa para o currículo deste ano é a interdisciplinaridade. “É preciso resgatar algo que a ciência faz sempre, que é integrar saberes. Só assim o aluno vai ter uma visão do todo. Se você for estudar botânica, por exemplo, que faz parte da Biologia, quando for  examinar o processo de alimentação das plantas, não dá para não falar em estudar vaso capilaridade e fluxo, que estão ligados à Física, ou da composição da seiva, a partir da Química”, complementa o professor, que é um cientista de formação. 

Trabalho na Seduc em meio à pandemia

Em 2020, tecnologia e formação de educadores garantiram início da implementação do currículo

No início de 2020, as escolas estaduais começaram a implementação do Currículo do Piauí para a Educação Infantil e o Ensino Fundamental, desenhado a partir da Base Nacional Curricular Comum (BNCC). “É um currículo que muda substancialmente a forma da gente tratar o aluno na escola, porque ele passa a ser protagonista da própria formação. Esse currículo foi construído por técnicos de secretarias municipais e da Estadual, com participação de escolas.”

A pandemia alterou cronogramas e formatos, mas a implementação continuou a acontecer de forma híbrida, com formações acontecendo ao longo de todo o ano por meio de transmissões ao vivo pelas redes sociais e encontros remotos. Foi fundamental a parceria com a União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e com parceiros como a Fundação Getúlio Vargas (FGV). 

A já mencionada experiência com educação a distância foi crucial para que as escolas organizassem suas classes durante o período de isolamento social, que se estende até agora. “Nos demos conta do quanto nossos professores são criativos. Eles já tinham implementado práticas pedagógicas por WhatsApp e compactuado rotinas com estudantes!”, adiciona Carlos.

Na perspectiva formativa, lives mensais foram realizadas desde a segunda metade de abril para preparar  a rede para educação remota. A expectativa é que, controlada a pandemia,as formações deste ano aconteçam de forma presencial, imbuídas dos árduos aprendizados de 2020. 

“Esperamos que as formações sejam práticas, mão na massa, no formato de oficinas. Não adianta apresentações teóricas, é preciso operacionalizar o currículo. Juntar grupos de educadores de diferentes escolas, fazer junto”, finaliza Carlos. 

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