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Em Mundo Novo (BA), professor e gestor têm formação e implementam o currículo

Boas práticasEmbaixadores da BNCC

A caminhada de Ana Lúcia Miranda dos Santos com a educação tem mais de 28 anos – atua como professora e foi gestora escolar. Essa experiência da escola contribui para suas atuais funções na Secretaria Municipal de Educação de Mundo Novo, na Bahia. No ano passado, a educadora participou da construção do currículo municipal e em janeiro de 2021 assumiu o cargo de diretora pedagógica na secretaria. Além disso, é participante do Programa de Embaixadores da BNCC (saiba mais sobre essa iniciativa do Movimento pela Base no final da página). 

“Tudo o que fiz na minha carreira até agora tem sido muito importante para colaborar com a gestão da educação, que envolve gerenciar pessoas, ter conhecimento pedagógico e lidar com momentos conflitantes. Sou professora e procuro me colocar no lugar dos educadores da rede, que estão diante de novas concepções da educação, precisaram reinventar suas práticas para lidar com a tecnologia e com a distância da escola – que é um espaço de referência e identidade -, e ainda vivem em um momento de fragilidade e sobrecarga durante a pandemia”, diz.

A rotina dos educadores de Mundo Novo está em plena transformação também por outros motivos: tanto pela forma de trabalhar com os estudantes quanto pela dinâmica dos encontros formativos. Desde o ano passado, os cerca de 220 professores e gestores estão envolvidos com a criação do currículo municipal, que foi elaborado sob as orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Documento Curricular Referencial da Bahia (DCRB) (veja mais sobre a experiência dos municípios baianos nesses vídeos).

Ana conta como foi: “Entre março e dezembro, os professores participaram das formações com a equipe da Undime sobre concepções de currículo, avaliação, processo de ensino e aprendizagem e transversalidade, entre outros temas. Depois foram divididos em grupos para estudar materiais de apoio, refletir com os colegas e executar tarefas para elaborar o Referencial Curricular Municipal incluindo as particularidades locais”. Essa escrita coletiva foi sistematizada por uma equipe em que Ana Lúcia fez parte. O texto foi então revisado e a versão final está aguardando a homologação do Conselho Estadual de Educação. 

A secretaria contratou uma assessoria para formar supervisores e coordenadores pedagógicos que, por sua vez, realizam formações com os professores de cada escola.

“Precisamos dar condições de trabalho para que todos possam fazer o melhor. A intenção é fazer com que os encontros com os docentes sejam permeados por trocas e protagonismo de cada um. O processo formativo deve incluir momentos de escuta, leituras, estudos e devolutivas. Sabemos que a participação ativa é exigente e muitas vezes é preciso de uma mudança de postura, aproveitando a bagagem de experiência para fazer sentido. O crescimento profissional é evidente!”, conta Ana Lúcia. 

Para começar o ano, os profissionais da educação responderam um questionário elaborado para diagnosticar as potencialidades, dificuldades e percepções sobre o trabalho. O resultado foi analisado tanto pelos técnicos quanto apresentado para os respondentes, e serviu para direcionar as ações da secretaria levando em conta as demandas da rede. Afinal, diz Ana Lúcia, “elaborar o currículo é uma coisa. Implementá-lo é outra”, então era preciso criar possibilidades de apoio à rede.

Com a bagagem de estudos e envolvimento para construir o currículo, os professores começam a incorporar novos elementos para planejar suas propostas para os mais de 3.100 estudantes. Em cerca de seis meses na secretaria, Ana considera que muito foi feito e que os resultados começam a aparecer na prática docente e, por consequência, na aprendizagem. Já se vê questionamentos das famílias de crianças matriculadas na Educação Infantil, que notaram diferença na condução do processo de ensino e aprendizagem: “Organizamos um encontro para apresentar a concepção de criança e de infância, explicar os direitos de aprendizagem e campos de experiências previstos na BNCC. Ouvimos muitas vezes que a creche e a pré-escola são ‘fases preparatórias para a escolarização’, então precisamos mudar esse olhar, porque as crianças aprendem nas interações e com o brincar. A escola é uma possibilidade de efetivação dos aprendizados, mesmo em um momento de pandemia”.

Trabalho em conjunto e valorização do professor

Ana Lucia conta que os diversos setores da secretaria e outras áreas da prefeitura têm procurado trabalhar em parceria, somando esforços e considerando as diferentes necessidades e vulnerabilidades das crianças, jovens e famílias, que ficam ainda mais evidentes durante a pandemia:

“O aluno precisa ser visto em suas diversas dimensões e as famílias precisam ser ouvidas e acolhidas. Por isso, as secretarias de saúde, de assistência social e de educação têm procurado trabalhar juntas e colaborar para o bem do estudante. A integração entre profissionais não é simples, mas estamos procurando aprofundá-la para garantir a educação integral prevista na BNCC”, diz.

Por fim, Ana Lúcia volta a valorizar os professores: “Considero que o ator mais importante na educação, aquele que vai fazer a diferença na vida dos estudantes, é o professor. É muito rico vermos os esforços desses profissionais para fazer os planos de aula considerando as competências e as habilidades previstas no currículo, programar atividades sabendo do contexto atual e de seu papel como mediador do conhecimento. Eles estão ressignificando o que faziam! A transposição entre a teoria e a prática precisa ocorrer, e nossos gestores e professores estão aplicados para estudar e para fortalecer seu trabalho”, conta.

 

Sobre os Embaixadores da BNCC 

Os Embaixadores da BNCC são um grupo de técnicos de secretarias de Educação municipais e estaduais de todo país com larga experiência e comprometidos com a implementação. A iniciativa, apoiada pelo Movimento pela Base, tem dois objetivos principais: 

  • Valorizar o trabalho realizado por técnicos de secretarias municipais e estaduais de educação relacionado à implementação da BNCC e dos currículos, dando visibilidade às boas práticas de gestão;
  • Proporcionar a formação aos profissionais, oferecendo palestras, mentoria e momento para troca de experiências para aprofundamento dos conhecimentos.

Para ver mais informações sobre a iniciativa e conhecer melhor o trabalho de cada um deles, clique neste link.

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