Alinhado à proposta do Novo Ensino Médio, o professor José Figueiredo Neto, do Centro de Excelência Dep. Jonas Amaral, no município de Nossa Senhora do Socorro (SE), desenvolveu uma série de vídeo aulas para continuar o trabalho com os Projetos de Vida durante a pandemia. Ele encontrou uma forma de manter o vínculo entre os estudantes e a escola e de não deixar que eles esquecessem de seus sonhos e objetivos

Sou o professor José Figueiredo Neto.

 

Me formei em Filosofia e leciono há 13 anos na rede pública. Atualmente, dou aulas de Projeto de Vida para estudantes do 1º e 2º anos do Ensino Médio. Na escola em que atuo, o Centro de Excelência Dep. Jonas Amaral, em Nossa Senhora do Socorro (Sergipe), os Projetos de Vida estão no centro de todo o planejamento pedagógico. Isso significa que todo o trabalho com os estudantes começa a partir dos sonhos e objetivos que eles mesmos estabelecem. 

Seguimos um modelo de educação integral que tem como referência o trabalho do Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, o ICE, de Pernambuco. Trouxemos para o nosso estado esse modelo, que está presente em todo o Nordeste e é referência nacional para o Ensino Médio, a partir de uma série formações realizadas com os professores. 

A árvore que registra os sonhos dos alunos

Em nossa escola, o trabalho com os Projetos de Vida começa desde a primeira semana de aula. No 1º ano do Ensino Médio, coletamos os sonhos e objetivos de cada aluno, nome por nome. Montamos uma árvore, escrevendo cada sonho nas folhas. Sonhos dos alunos, dos professores, dos funcionários, coletamos os sonhos da escola toda. Além disso, os estudantes criam uma cápsula do tempo, registrando os seus sonhos e objetivos em um texto, que só será lido quando eles chegarem ao último ano.

No primeiro ano do Ensino Médio as aulas são mais voltadas para questões de autoconhecimento. No segundo, os alunos se dedicam a uma parte mais prática, de planejamento e elaboração de metas. Claro, há aqueles alunos que ainda não têm um foco propriamente estabelecido. Há também aqueles que contam um sonho ou objetivo e depois mudam. Não tem problema. O importante do trabalho com Projetos de Vida é que os estudantes aprendam a estabelecer um objetivo e a planejar um caminho para alcançá-lo. 

No terceiro ano, existe uma disciplina na escola chamada Pós-Médio, na qual a partir do que está registrado na cápsula do tempo de cada aluno e dos planos de ação elaborados por eles, o professor ajuda a planejar qual vai ser a ação para o Enem e como cada aluno pode se organizar depois que a escola terminar. 

Durante a pandemia, criei um projeto com vídeo-aulas em uma tentativa tanto de manter o vínculo entre os alunos e a escola, quanto de que eles não se esquecessem de seu Projeto de Vida. Surgiu uma proposta de aprofundar essas aulas trabalhando por áreas e, assim, produzi uma série de lives, trabalhando com outros professores.

Na minha experiência, faz muita diferença o trabalho com Projeto de Vida para os estudantes. A primeira turma que se formou, com a qual eu comecei a trabalhar no primeiro ano, teve um melhor desempenho no ENEM. Além disso, dá para perceber que os alunos desenvolvem um relacionamento muito diferenciado com os professores, ficam muito mais próximos, e  terminam a escola com muito mais foco, sabendo o que querem. 

Para os professores é uma nova maneira de ensinar. Aqueles professores conteudistas, que ainda se prendem ao modelo antigo, estão fadados ao fracasso. O professor precisa ser um mediador e pensar como aproveitar o conhecimento que cada aluno já tem. É assim que teremos uma aprendizagem mais significativa.

 

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