Educação Infantil

“É o diretor da escola quem cuida dos detalhes para que os currículos cheguem até a sala de aula”

Boas práticas
Papel do diretor na implementação de currículos

“Meu nome é João Paulo Araújo, diretor da escola estadual Dr. Pompílio Guimarães, em Leopoldina, Minas Gerais. Acredito que os resultados positivos da implementação dos currículos alinhados à proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) são fruto da dedicação de vários setores que, desde a criação do documento, vêm empenhando esforços para que as orientações escritas ali pudessem chegar às escolas e proporcionar uma transformação na forma de ensinar e de aprender.

A Base nos convida a uma mudança na forma de pensar a educação por meio da estruturação de saberes mínimos que devem ser garantidos a todos os alunos. Essa transformação em profundidade requer um empenho muito forte de quem, na prática, faz com que os princípios e valores trazidos pelo documento reflitam a construção de uma nova forma de ofertar a educação. 

O diretor escolar é peça-chave no processo de liderança local. Nós, enquanto gestores da escola, estamos ao longo desses três anos dialogando com professores, funcionários e toda a comunidade escolar, organizando a estrutura física da escola, promovendo formações, revisitando o projeto político pedagógico, errando e aprendendo juntos. 

Talvez o que parecia ser um agravador da situação, tornou-se um aliado. No contexto da pandemia da Covid-19, e com o fechamento das escolas, foi no documento da BNCC que professores, gestores e toda a comunidade escolar encontraram uma fonte de apoio para ressignificar sua prática em um contexto altamente complexo. As dez competências gerais da Base sustentaram muitas das práticas para dar significado ao aprendizado que, em função da pandemia, obrigatoriamente deveria acontecer fora dos muros da escola. Foram também essas práticas, alinhadas aos princípios da BNCC, que ajudaram as equipes gestoras a manter o vínculo dos alunos com a escola.

Veja também: Destaques do Seminário de 3 anos da BNCC em que João Paulo participou

No ecossistema da educação, a colaboração é fundamental e a BNCC nos faz esse convite. Não existe um ou outro ator principal, e sim um elenco que precisa jogar como um time para que as coisas deem certo. Nesse time, cabe ao gestor ser o capitão, coordenar e incentivar o engajamento de todos. É o diretor da escola, ao lado de todos do território escolar, que tem em suas mãos a ferramenta maior para fazer a Base ser uma realidade dentro da escola: a liderança. Numa perspectiva da construção democrática que a própria essência da educação nos convida a praticar, é o diretor da escola quem irá cuidar de todos os detalhes para que os documentos curriculares, construídos a partir das orientações da Base, possam chegar até a sala de aula.

O documento curricular por si só não garante a transformação que a BNCC pretende alcançar no país. É preciso garantir a formação dos professores, que deve e pode ser incentivada e também organizada pela equipe gestora da escola. Para a escola, é essencial dispor de um projeto político pedagógico que dialogue com os princípios da Base, e cabe ao gestor articular os profissionais que atuam nos diferentes segmentos na construção coletiva desse documento, compreendendo a importância da sua atuação na educação que forma o sujeito em sua integralidade. Cabe ao gestor escolar, no uso das suas atribuições administrativas e financeiras, apoiado pelo Colegiado Escolar, aplicar os recursos financeiros disponíveis para garantir que o professor, na gestão da sua sala de aula, tenha condições suficientes para implementar o currículo.

De uma maneira geral, quando a Base institucionaliza os saberes mínimos que todos os alunos têm o direito de ter acesso, ela convida a gestão da escola a trabalhar para garantir que o espaço escolar não seja um potencializador da desigualdade que aflige o nosso país. Pelo contrário, ela nos intima a agirmos de forma  a transformar a escola em um espaço de oportunidades iguais para todos. 

Em um país como o Brasil, gigante por natureza, historicamente marcado pela desigualdade social e ultimamente carente de uma coordenação federal capaz de unir esforços em um projeto de educação emancipadora, a implementação do documento envolve muitos fatores. É preciso garantir financiamento, formação de professores, acompanhamento e avaliação das práticas de ensino e aprendizagem. A todos esses desafios, soma-se a complexidade da oferta da educação em um cenário de crise sanitária instaurada pela Covid-19. Mas com ações alinhadas e com um monitoramento contínuo, a BNCC pode chegar a todas as milhares de escolas do nosso país, e os gestores escolares certamente podem contribuir para isso.”

 

Veja um trecho da fala de João Paulo no Seminário de 3 anos da BNCC: