Redes de EI e EF

Adequação dos projetos político pedagógicos ao currículo em Carmo do Cajuru (MG)

Boas práticasEmbaixadores da BNCC

“Os projetos político pedagógicos (PPP) são um caminho para que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o currículo de nosso território cheguem em sala de aula”. Essa afirmação é de Juliana Gomes Chagas, técnica da Secretaria Municipal de Educação de Carmo do Cajuru, Minas Gerais, e participante do Programa de Embaixadores da BNCC (saiba mais sobre essa iniciativa do Movimento pela Base no final da página). Desde 2016 na secretaria e há 23 anos na Educação, Juliana tem acompanhado os desdobramentos da BNCC, que incluem adequação de currículos, formação dos educadores e PPP.

Entre 2019 e 2020, as nove escolas de Carmo do Cajuru que atendem os 2.100 estudantes da rede elaboraram seus próprios projetos pedagógicos. Para isso, diretores, vice-diretores e coordenadores pedagógicos – chamados na rede de pedagogos – mobilizaram a comunidade e construíram um diagnóstico de cada escola. Houve participação de funcionários, educadores, estudantes e suas famílias e, com base no retrato de cada instituição, elaboraram seus PPP. “É a primeira vez que as escolas têm esses documentos construídos com participação coletiva.

“A BNCC e o novo currículo foram uma oportunidade de repensar os projetos pedagógicos das escolas e, principalmente, de fazer essa construção coletiva inédita. O resultado são projetos pedagógicos contextualizados nas realidades dos estudantes, dando mais significado para a aprendizagem”, conta Juliana.

Com o início da pandemia do coronavírus e o fechamento das escolas, os PPP precisaram receber complementos sobre a organização das atividades realizadas de forma remota. “A pandemia não poderia ser impedimento para o uso do PPP. Então, adequamos o texto considerando o contexto atual, direcionando o olhar e a atenção de educadores e famílias para objetivos comuns, mesmo diante das dificuldades”, conta Juliana. 

Criação do currículo estadual

A elaboração dos PPP foi resultado de um processo que começou ainda em 2017, quando houve a homologação da Base Nacional Comum Curricular, e seguiu pelos anos seguintes. 

Em 2018, a secretaria estadual de educação e os municípios mineiros, impulsionados pela Undime, criavam em regime de colaboração o Currículo Referência de Minas Gerais. Nesse processo, Juliana era uma das coordenadoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental e lembra que, embora cada profissional tivesse suas atribuições na construção do referencial, havia um intenso esforço conjunto, favorecendo a devida progressão das aprendizagens entre os anos e a qualidade das propostas. 

Em Carmo do Cajuru, a mobilização para as contribuições do documento do território foi intensa: “Houve divulgação ampla da consulta pública on-line, que foi aberta a todos os cidadãos. Em paralelo, nosso município realizou um encontro com 400 profissionais das redes municipal, estadual e particular, garantindo participação ativa na elaboração de sugestões para os redatores do currículo”, lembra Juliana. Os educadores do município foram divididos em grupos, por etapa e componente curricular, fizeram estudo das habilidades previstas no documento e sistematizaram as ideias. 

Carmo do Cajuru então aderiu ao currículo estadual, e passou a segui-lo como documento orientador. O resultado é comemorado: “O ponto forte desse referencial é a garantia dos direitos de aprendizagem, aquilo que todo aluno deveria aprender. Isso não tem nada de básico e nem de comum, mas é essencial!”. Veja o depoimento de Juliana:

Formação dos educadores e gestores

Em 2019, as redes estadual e municipais começaram sua transição para implementar o Currículo Referência de Minas Gerais. Para isso, continuaram trabalhando em Regime de Colaboração, dessa vez com foco na formação dos educadores e gestores. Entre as iniciativas, a equipe realizou webconferências sobre o novo documento, fazendo com que os conteúdos e orientações alcançassem todo o estado. Em Carmo do Cajuru, conta Juliana, os vídeos eram utilizados nos encontros com as equipes, subsidiando discussões mais aprofundadas segundo a realidade das escolas e seus PPP. 

No fim daquele ano, começou o planejamento para 2020 para os educadores das redes estadual e municipais: seriam feitas oficinas abordando temas mais gerais, como as Competências Gerais previstas na BNCC, e outros específicos de cada área, para os diferentes profissionais. Ainda antes da chegada da pandemia, foi possível iniciar os encontros e organizar os profissionais para que um transmitisse os conhecimentos aos demais. As formações foram feitas de forma regional (para representantes de diferentes localidades do estado), para depois serem realizados os encontros locais (entre municípios vizinhos), e em seguida encontros em um mesmo município (com os diretores e coordenadores pedagógicos, que formariam os educadores durante as Semanas Pedagógicas, que marcam o início do ano letivo). 

Naquele momento, a equipe de Carmo do Cajuru também notou outras demandas que surgiram dos professores com o início do ensino remoto, e então passou a realizar encontros online para apoiá-los. “O estudo dos educadores não parou! As propostas precisavam ser feitas com os estudantes, então o currículo e os projetos pedagógicos precisavam ser a referência, usando as estratégias possíveis”, diz Juliana. 

Em 2021, o trabalho continua desafiador e intenso, com aulas sendo feitas de forma remota e atividades impressas para os estudantes, sempre partindo do currículo e dos PPP das escolas. Elas priorizam as habilidades essenciais e selecionam atividades relacionadas a esses assuntos nos livros didáticos e nos cadernos – elaborados em parceria pela secretaria estadual e Undime MG – e adotado pela rede municipal. “Algumas atividades para os estudantes precisaram ser adaptadas, como as feitas oralmente ou em duplas, mas que passam a exigir outras dinâmicas porque os estudantes estão em suas casas”, conta a técnica. 

Hoje, a BNCC, o currículo e os PPP são apoio importante para equipe da secretaria, gestores escolares, educadores, estudantes e famílias. Juliana reflete: “Estamos mudando a concepção sobre aprendizagem, considerando que o aluno é o protagonista do processo educativo. Isso precisa de um esforço permanente e coletivo, e já avançamos muito!”.

 

Sobre os Embaixadores da BNCC 

Os Embaixadores da BNCC são um grupo de técnicos de secretarias de Educação municipais e estaduais de todo país com larga experiência e comprometidos com a implementação. A iniciativa, apoiada pelo Movimento pela Base, tem dois objetivos principais: 

  • Valorizar o trabalho realizado por técnicos de secretarias municipais e estaduais de educação relacionado à implementação da BNCC e dos currículos, dando visibilidade às boas práticas de gestão;
  • Proporcionar a formação aos profissionais, oferecendo palestras, mentoria e momento para troca de experiências para aprofundamento dos conhecimentos.

Para ver mais informações sobre a iniciativa e conhecer melhor o trabalho de cada um deles, clique neste link.