Redes de EI e EF

Currículo, formação de professores e construção de material em Aracaju (SE)

Boas práticasEmbaixadores da BNCC

“Com a BNCC e o currículo, pela primeira vez temos uma convergência sobre os objetivos de aprendizagem dos estudantes, e isso direciona todo o trabalho docente! Se essas referências não existissem, o ensino estaria ainda mais prejudicado neste momento de pandemia”, afirma Ana Débora Lima de França. Ela é técnica da secretaria municipal de Aracaju desde 2017, tem 23 anos de experiência na educação e é participante do Programa de Embaixadores da BNCC (saiba mais sobre essa iniciativa do Movimento pela Base no final da página).

Ana Débora acompanha discussões sobre currículo desde 2012, quando o documento local era construído na secretaria estadual de Sergipe, onde trabalhava, e ainda muito antes da homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2017. Ela conta que os debates desse período eram inflamados e repletos de ideologias dissonantes, tornando os encontros pouco produtivos. Com a BNCC, isso mudou.

“Na elaboração do currículo estadual de Sergipe, em 2018, feito em regime de colaboração entre a rede estadual e as 75 redes municipais, todos sabiam que a BNCC já era um referencial validado e que deveria ser levado em conta. Houve divergências e embates, claro, mas o consenso e a coerência com o documento falaram mais alto”, diz.

A secretaria municipal de Aracaju – que tem 1.600 professores e atende 30 mil alunos em 75 escolas – participou do diálogo para construir o currículo estadual e mobilizou os profissionais da educação para dar contribuições ao documento, incluindo as especificidades locais. Quando foi homologado, em 2018, a rede aderiu a ele. 

No ano seguinte, a secretaria organizou as formações continuadas com os educadores já tendo como foco o estudo da BNCC e do currículo. Ana Débora coordenou esse processo ao longo de 2019: “Nas 10 horas mensais de formação que devem ser oferecidas pela secretaria, organizamos seminários e oficinas aos coordenadores pedagógicos e a grande parte dos professores. O produto desses encontros está registrado nos Cadernos Pedagógicos Complementares”. 

Funcionou assim: os seminários abordaram temas mais amplos presentes na BNCC, com as peculiaridades da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, e a apresentação do currículo estadual. Já as oficinas foram realizadas em oito encontros, o maior deles com 400 educadores, divididos em grupos: educação infantil, 1º e 2 anos, Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Educação Física (os professores de 3º ao 5º anos escolhiam em qual participar). Para cada encontro foi apresentado um texto para ser o ponto de partida dos diálogos. Entre os temas abordados estava o desenvolvimento e a aprendizagem dos estudantes, as metodologias ativas, a avaliação, as estratégias e a transposição didática. As contribuições dos participantes foram registradas e colaboraram para a escrita de cada capítulo dos Cadernos Pedagógicos – as reflexões também puderam ser feitas em um ambiente virtual, que ficou disponível para os profissionais durante algumas semanas. Para Ana Débora, os objetivos dessa iniciativa foram alcançados. “Os Cadernos colaboram na implementação do currículo estadual: os educadores puderam se aprofundar em determinadas questões e complementar dados com realidades e contextos do município. No final de 2019 já tínhamos esse material sistematizado, pronto para a escola recorrer e realizar seu planejamento”, diz.

Veja também: Destaques da transmissão: experiências com priorização curricular em 2021

Pandemia e a reorganização curricular

O ano de 2020 seria o da implementação do currículo, diz Ana Débora. Mas com a suspensão das aulas presenciais causadas pela pandemia do coronavírus, a secretaria e as escolas precisaram se adequar ao novo contexto e foi feita a seleção das habilidades essenciais para desenvolver com os estudantes. “Conhecendo a BNCC e o currículo, ficou mais simples priorizar o que deveria ser trabalhado com os estudantes. Se não tivéssemos feito todo o percurso de formações, as dificuldades seriam ainda maiores e apenas o livro didático guiaria o docente”, conta Ana. E reforça: “Durante a pandemia precisamos mudar a rota planejada, mas sem esquecer que temos como referência a BNCC, nosso currículo e os Cadernos Pedagógicos. O que o estudante precisa aprender continua muito claro, o que mudou foi a forma de como ensinar no contexto de ensino remoto, considerando as dificuldades de acesso à tecnologia e a distância que o professor agora tem de suas turmas”.

Veja o depoimento de Ana Débora:

 

Sobre os Embaixadores da BNCC 

Os Embaixadores da BNCC são um grupo de técnicos de secretarias de Educação municipais e estaduais de todo país com larga experiência e comprometidos com a implementação. A iniciativa, apoiada pelo Movimento pela Base, tem dois objetivos principais: 

  • Valorizar o trabalho realizado por técnicos de secretarias municipais e estaduais de educação relacionado à implementação da BNCC e dos currículos, dando visibilidade às boas práticas de gestão;
  • Proporcionar a formação aos profissionais, oferecendo palestras, mentoria e momento para troca de experiências para aprofundamento dos conhecimentos.

Para ver mais informações sobre a iniciativa e conhecer melhor o trabalho de cada um deles, clique neste link.