Você sabia que, em 2022, a BNCC, Base Nacional Comum Curricular, ganhou um complemento dedicado à computação e à cultura digital? Foi publicado o anexo Computação – Complemento à BNCC, que se torna obrigatório para as escolas das redes municipais e estaduais de todo o país a partir de outubro de 2023.
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A BNCC traz a cultura digital como uma das Competências Gerais que consolidam a proposta de educação integral do documento. O anexo não só amplia as possibilidades de trabalho com o universo digital como vai além. O documento segue o modelo da própria BNCC, estabelecendo competências e habilidades a serem desenvolvidas pelos estudantes em cada etapa da Educação Básica para viver em um mundo digital. Essas competências e habilidades abordam não apenas o uso das tecnologias, mas diversas questões que fazem parte de um mundo cada vez mais digital: de segurança online e ética no uso de dados a inteligência artificial. O anexo está organizado em torno de três eixos:
- pensamento computacional – aborda a computação com foco na resolução de problemas, por exemplo, por meio de algoritmos. Aqui é importante lembrar trabalhar com algoritmos vai muito além de programar: fazer uma receita de bolo ou produzir um mapa, processos que estabelecem uma sequência lógica de passos, também são possibilidades de trabalhar com algoritmos.
- mundo digital – aborda a tecnologia por si só, refletindo sobre como ela funciona – na transmissão de dados, no funcionamento em redes, nos gadgets.
- cultura digital – é a parte que aborda nosso próprio uso da tecnologia, levantando questões como: de que forma garantir segurança e privacidade online, que tipo de questões éticas estão envolvidas na circulação e no uso de informações, como a inteligência artificial será capaz de influenciar nosso mundo e o futuro das profissões.
Mas como trabalhar computação com acesso restrito à tecnologia?
É importante e necessário que as escolas tenham acesso a tecnologias e conexão à internet. No entanto, o anexo foi pensado para que as habilidades e competências propostas não dependam necessariamente da tecnologia para serem trabalhadas. Flávio Rodrigues Campos, professor e pesquisador da Mercer University na área de Educação e Computação, que participou da elaboração do documento conta que houve preocupação de garantir que tudo pudesse ser desenvolvido de forma desplugada. “Todo o documento, em todas as etapas da Educação básica, pode ser trabalhado em sala de aula – mesmo sem tecnologia. Isso não quer dizer, é claro, que não é preciso investir (em tecnologia) nas escolas”, comentou durante a transmissão ao vivo sobre o complemento de computação realizada pelo Movimento pela Base e a Fundação Telefônica Vivo.
Stefanie Eskereski, Secretária Adjunta da Educação do Estado do Rio Grande do Sul, concorda: “o primeiro passo é desmitificar: não é preciso um super laboratório com velocidade de internet e super computadores. Fazer a sensibilização e formação dos professores é o essencial. Nossos estudantes sabem mexer na tecnologia muitas vezes melhor do que nós. Precisamos ajudá-los a refletir sobre o uso dessas tecnologias da melhor forma”, conclui.