Redes de EI e EF

Formação continuada dos professores alinhada ao currículo em Igarassu (PE)

Boas práticasEmbaixadores da BNCC

Fábio Belarmino Bezerra é técnico da Secretaria Municipal de Educação de Igarassu, em Pernambuco, desde 2015, e participante do Programa de Embaixadores da BNCC (saiba mais sobre essa iniciativa do Movimento pela Base no final da página).

Ele explica que a formação continuada dos cerca de 550 professores é uma política pública da rede desde 2015, sendo vista com prioridade: quinzenalmente os educadores se encontram, divididos conforme sua atuação – educação infantil, 1º e 2º anos, 3º anos, 4º e 5º anos, e professores de Língua Portuguesa e Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental – ou mensalmente, para as demais áreas de conhecimento desse segmento. Antes da pandemia, esses encontros eram presenciais, organizados em polos com cerca de 40 participantes, para proporcionar trocas entre os educadores e ocorrerem as formações promovidas pela secretaria.

“Entendemos que aqueles que lecionam para 1º e 2º anos, por exemplo, trazem questões do ciclo de alfabetização, então é rico estarem juntos. O mesmo ocorre com os professores de 4º e 5º anos, com questões próprias das crianças que estão finalizando os anos iniciais do Fundamental e na transição para os anos finais”, explica Fábio, que também é formador de Matemática. Além desses momentos, também está previsto no plano de carreira docente a aula-atividade – horário de estudo e aperfeiçoamento individual – com periodicidade quinzenal, possibilitando que cada profissional tenha tempo para seu desenvolvimento. 

Desde 2018, os temas abordados nas formações têm sempre a BNCC, o currículo estadual e o municipal como pano de fundo. Se em um primeiro momento a secretaria buscava apresentar esses documentos, suas concepções e estrutura, hoje é diferente. Fábio conta: “O grande objetivo das nossas formações é dar vida ao currículo, isso é, fazer com que o professor compreenda o que está posto no documento e coloque-o em prática”. Nas formações, a secretaria privilegia discussões sobre elaboração de atividades e da avaliação do trabalho realizado, para que o professor verifique se o aluno desenvolveu de fato a habilidade desejada. 

Como o início da pandemia em 2020, os encontros passaram a ser feitos de forma remota e mensalmente. Essa alteração nas formações, conta o técnico, têm o objetivo de não sobrecarregar os professores, que atualmente se desdobram para realizar as atividades com os 13.200 alunos e mediar a aprendizagem mesmo com as dificuldades atuais. “Assim que as escolas foram fechadas, fizemos formações para apoiar os professores no uso das ferramentas tecnológicas, em como realizar as atividades remotas e quais aspectos considerar para o planejamento. Sabemos que há estudantes que estão em contextos diferentes entre si, alguns com acesso à internet, outros com restrições no uso de equipamentos ou ainda recebendo apenas atividades impressas. As formações precisam considerar esses desafios reais para apoiar o educador”, diz Fábio. 

 Em 2021, as formações continuaram a ter foco nas dificuldades e possibilidades do trabalho remoto, mas deram um passo além, com discussões sobre currículo e sua transposição para o contexto de sala de aula. Para isso, selecionaram o que era prioritário de ser ensinado aos estudantes, considerando a interrupção das aulas e mudanças causadas pela pandemia, elencando as competências e habilidades mais estruturantes e essenciais para a aprendizagem.

Construção curricular e assuntos para discussão

Fábio foi um dos redatores do componente curricular de Matemática no currículo estadual pernambucano e no documento municipal de Igarassu. Para a construção do documento estadual em 2018 e 2019, assistiu de perto o regime de colaboração:

“O trabalho foi muito rico, realizado em diversas etapas, permitindo estudos, análises e discussões dos educadores e comunidade. A equipe de redatores foi composta por representantes das redes estadual e das municipais. Esses profissionais fizeram uma primeira versão do referencial curricular estadual, depois analisaram e incorporaram as contribuições vindas de todas as macro-regiões pernambucanas. A nova versão do texto foi discutida em seminários regionais para ser enfim aprovada em um encontro estadual”, conta o técnico.

Nesse período, as formações dos educadores foram voltadas para entender a BNCC e trazer contribuições para a escrita do currículo do estado. No primeiro momento, foram encontros para se conhecer o que é a Base, as competências gerais e específicas. Em seguida puderam depois discutir as habilidades, uma a uma, por cada componente.

O currículo municipal foi feito seguindo essa mesma organização – escrita inicial, análise de contribuições dos educadores, discussões e elaboração do texto final – e aguarda a homologação do Conselho Municipal de Educação. E o que mudou entre o referencial estadual e o local? Fábio explica: “Sabíamos que deveríamos manter o escopo geral registrado no currículo estadual porque ele já foi feito em regime de colaboração. Acrescentamos em nosso texto os aspectos relacionados à história e cultura de Igarassu, tanto nos textos introdutórios quanto no contexto de algumas habilidades”. 

E o trabalho continua em Igarassu: “Como pontos fortes da rede, cito a instituição das formações continuadas, a manutenção da equipe de formação do município e o comprometimento dos professores, coordenadores e gestores em relação à utilização dos documentos oficiais para orientar seu trabalho”, conta Fábio.

 

Sobre os Embaixadores da BNCC 

Os Embaixadores da BNCC são um grupo de técnicos de secretarias de Educação municipais e estaduais de todo país com larga experiência e comprometidos com a implementação. A iniciativa, apoiada pelo Movimento pela Base, tem dois objetivos principais: 

  • Valorizar o trabalho realizado por técnicos de secretarias municipais e estaduais de educação relacionado à implementação da BNCC e dos currículos, dando visibilidade às boas práticas de gestão;
  • Proporcionar a formação aos profissionais, oferecendo palestras, mentoria e momento para troca de experiências para aprofundamento dos conhecimentos.

Para ver mais informações sobre a iniciativa e conhecer melhor o trabalho de cada um deles, clique neste link.

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