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O percurso para a construção do currículo de São Francisco de Paula (RS)

Boas práticasEmbaixadores da BNCC

Faz 25 anos que Simone Mumbach trabalha com educação. Já foi alfabetizadora, professora do Ensino Fundamental e Médio, da Educação de Jovens e Adultos e diretora de escola. Desde 2017 faz parte da equipe técnica da secretaria municipal de educação de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul, além de ser uma Embaixadora da BNCC (saiba mais sobre os Embaixadores da BNCC, uma iniciativa do Movimento pela Base, no final da página). Nesses últimos anos, um assunto tem dominado seus estudos de mestrado e doutorado e a rotina profissional: a elaboração de currículos. 

Em 2010 teve sua primeira experiência no assunto, quando contribuiu na construção do currículo do município gaúcho de Igrejinha. Com a homologação da parte de Educação Infantil e Ensino Fundamental da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) em 2017, as discussões sobre alinhamento dos currículos às novas orientações passaram a ser mais constantes.

Em 2018 compôs a equipe de redatores do Referencial Curricular Gaúcho e, entre 2019 e 2020, o grupo que elaborou o currículo de São Francisco de Paula. Para produzir esses textos, muito diálogo foi necessário, seja entre os redatores, com os participantes das consultas públicas, nas secretarias, com educadores e a comunidade escolar. Cada um contribuiu com suas experiências e, coletivamente, desenharam o melhor possível para o território. Simone traz uma reflexão dessa caminhada:

“Percebo que é na partilha que se aprende. Com diálogo, conhecendo outras realidades e desafios, crescemos juntos!”. 

Currículo estadual e municipal

Simone conta que a elaboração do referencial estadual gaúcho em 2018 teve a participação de cerca de 30 profissionais de diferentes regiões do estado. O grupo estudou coletivamente as Competências Gerais presentes na BNCC, discutiu sobre a progressão das aprendizagens entre os anos, a importância do currículo e outros aspectos que envolviam todas as áreas. Em um segundo momento, ela lembra que os profissionais se dividiram conforme a área de atuação – a da Simone foi a Matemática – e trabalharam para elaborar os textos. As contribuições que chegaram das consultas públicas foram analisadas e incorporadas pelas equipes. Por fim, o grupo retomou o trabalho coletivo para fazer a versão final do documento.

Essa experiência contribuiu muito para a construção do currículo de São Francisco de Paula no ano seguinte, já que Simone tinha sido a única do município a fazer parte do processo de construção do referencial do estado. “Em 2019 montamos uma comissão com representatividade de escolas municipais, estaduais e privadas. Foi importante termos clareza de que o currículo era para o território, e não só para a rede municipal, e seria essencial ter diferentes olhares para elaborar o documento. Fizemos reuniões semanais da comissão discutindo o que se entende por aprendizagem e qual o papel do currículo, por exemplo. As escolas também se mobilizaram com o ‘Dia D da Base’, evento que foi marcante para todos pensarem sobre a educação. Os educadores foram ouvidos ainda em dois momentos: tanto para refletirem sobre a transição entre as etapas quanto nas especificidades de cada área”, diz. 

São Francisco contou ainda com a assessoria da Universidade de Caxias do Sul, quando os profissionais atuaram diretamente com os grupos de trabalho divididos pelas etapas e áreas do conhecimento. Com o início da pandemia em 2020, os encontros da comissão passaram a ser online, mas mesmo com as incertezas e mudanças, o documento curricular municipal foi finalizado e homologado. 

Este ano, as aulas presenciais de São Francisco retornaram em maio, de forma escalonada para as diferentes etapas e segmentos, obedecendo os planos de contingência das escolas. Simone diz que existe a intenção de que as escolas adotem o novo currículo como referência ainda em 2021. “Queremos que a implementação tenha um marco inicial, porque é um momento especial. Afinal, o currículo vai determinar uma nova fase na educação, a que inclui os aspectos da nossa terra e os temas culturais do povo”, conta a educadora. Para isso, a BNCC e o referencial curricular gaúcho e o currículo municipal devem ser entregues para todos os educadores em um pendrive, serão promovidos momentos de estudo sobre o documento, e a coordenação pedagógica da escola e da secretaria vai apoiar o professor em seu planejamento. 

 

Sobre os Embaixadores da BNCC 

Os Embaixadores da BNCC são um grupo de técnicos de secretarias de Educação municipais e estaduais de todo país com larga experiência e comprometidos com a implementação. A iniciativa, apoiada pelo Movimento pela Base, tem dois objetivos principais: 

  • Valorizar o trabalho realizado por técnicos de secretarias municipais e estaduais de educação relacionado à implementação da BNCC e dos currículos, dando visibilidade às boas práticas de gestão;
  • Proporcionar a formação aos profissionais, oferecendo palestras, mentoria e momento para troca de experiências para aprofundamento dos conhecimentos.

Para ver mais informações sobre a iniciativa e conhecer melhor o trabalho de cada um deles, clique neste link.

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