Educação Infantil

[Análise] O planejamento de 2022 em Caruaru e a recomposição das aprendizagens

Ações na pandemiaAnálises e contextosBoas práticas
Desafio pós pandemia: recomposição de aprendizagens em Caruaru

*Por João Paulo Derocy Cêpa, Secretário de Educação e Esportes de Caruaru, em Pernambuco, entre 2021 e março de 2022. Atualmente, Gerente de Articulação do Movimento pela Base

A pandemia da COVID-19 trouxe um grande desafio para a educação brasileira. As secretarias de educação precisaram reinventar processos de mediação pedagógica para que o fechamento das escolas em 2020 e 2021 não representasse a interrupção total do processo de ensino e aprendizagem. Na rede municipal de Caruaru, em Pernambuco, isso não foi diferente. Em 2022, o grande desafio foi desenhar o processo de reabertura total das escolas e uma estratégia de mitigação dos impactos negativos na aprendizagem dos estudantes.

Veja também: [Análise] A importância das avaliações diagnósticas no retorno às aulas presenciais

Veja também: Planejamento pedagógico para o retorno às aulas presenciais em Caruaru (PE)

O plano estratégico da rede evidenciou três grandes pontos que precisavam ocupar o centro do trabalho das equipes pedagógicas: priorização do uso do tempo presencial na recomposição das aprendizagens (com atenção para a alfabetização), fortalecimento da busca ativa escolar, aprimoramento do uso de tecnologia e dos dados educacionais em processos educativos e da gestão educacional em toda a rede (com foco no combate às desigualdades).

As perdas de aprendizagem não serão revertidas em 2022, e a recomposição de aprendizagens acontecerá no médio e no longo prazo para correção do percurso formativo de todos, sem deixar nenhum aluno para trás. Para isso, a rede municipal atua de acordo com três eixos: currículo municipal alinhado à BNCC e pautado pelas habilidades prioritárias, processo de monitoramento dos resultados a partir de avaliações periódicas, e intervenções pedagógicas realizadas com base nas necessidades dos estudantes identificadas nas sondagens.

Para tal, o plano de ação da SEDUC prevê a flexibilização curricular como estratégia para garantir o tempo pedagógico nas aprendizagens prioritárias. As aulas têm sido planejadas a partir das devolutivas das avaliações diagnósticas censitárias realizadas em 2021 que apontavam de forma precisa as prioridades de aprendizagem de cada um dos 27 mil estudantes do Ensino Fundamental.

Definiu-se ainda algumas ferramentas de monitoramento da aprendizagem que subsidiarão os professores no curto prazo. Dentro do Sistema de Avaliação da Educação de Caruaru (SAEC), foi instituída em 2022 uma avaliação bimestral padronizada (em parceria com o CAEd/UFJF), que permitirá aos professores o acompanhamento e o replanejamento das aulas com base nos resultados das provas de Língua Portuguesa e Matemática. Com isso, os professores conseguirão planejar a partir das habilidades prioritárias não consolidadas naquele momento.

Pensando especialmente na alfabetização, foi criado no início deste ano um instrumento chamado “alfabetômetro”, que faz o acompanhamento processual da consolidação da leitura e escrita para todos os estudantes de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Trata-se de um painel online em que as escolas registram bimestralmente os resultados das avaliações periódicas de sondagem de leitura e escrita. Os dados consolidados de todas as escolas formam um painel em que a secretaria de educação analisa e direciona o processo formativo docente para as habilidades mais críticas deste ciclo.

Um consenso importante no planejamento da equipe da secretaria municipal e das escolas para o retorno total das aulas presenciais é que não poderíamos ignorar, em 2022, todas as perdas de 2020 e 2021. Precisamos pensar em estratégias que permitam às escolas, e ao sistema, orientar o trabalho de forma integrada nos diferentes níveis, focando nas necessidades de aprendizagens de todos.