Os resultados dos esforços das redes e conselhos estaduais e municipais, Consed, Undime, Uncme, Foncede e sociedade civil para que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) chegue nas escolas começam a aparecer. É o que mostra a pesquisa sobre a implementação da BNCC realizada com 24,2 mil profissionais da educação pelo CAEd, o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora. “Os resultados da pesquisa indicam que, na maior parte dos estados e municípios estudados, houve uma intensa mobilização em torno da implementação da BNCC, que se reflete em uma percepção muito positiva acerca de seu impacto sobre a cultura profissional. De especial destaque são a valorização da centralidade do currículo, e o entendimento de que a BNCC, ao contrário do que muitos receavam, favorece a diversidade e a autonomia, estimulando a imaginação e a criatividade locais com vistas à aproximação entre o currículo e as realidades concretas das escolas e de seus alunos”, diz Marcelo Burgos, coordenador do estudo.
A pesquisa foi realizada via plataforma online, com apoio do Consed e da Undime, na qual 24,2 mil profissionais de educação de secretarias municipais e estaduais, entre professores (18,8 mil), gestores escolares e técnicos registraram suas respostas. Os profissionais trabalham em 597 escolas estaduais e 798 escolas municipais. Na etapa qualitativa, foram entrevistados 23 dirigentes estaduais e 139 dirigentes municipais. O relatório com mais informações foi publicado pelo CAEd neste link.
Confira alguns números e conclusões desta primeira fase da pesquisa:
Efeitos da BNCC
Os efeitos positivos da BNCC são sentidos pela ampla maioria dos profissionais de escolas e secretarias. “Esses dados mostram que a BNCC é realidade não só do ponto de vista institucional ou normativo, mas também colaboram para uma mudança cultural. E mais: o currículo ganhou centralidade na percepção que os educadores fazem de seu trabalho”, diz Alice.
Os números apontam que 79% dos professores têm percepção positiva dos efeitos da BNCC sobre seu comportamento profissional. Ou seja, a maioria não apenas percebe o quanto a BNCC tem alterado sua prática profissional, mas, no mínimo, tem predisposição para as mudanças que a BNCC traz.
Outro dado interessante é em relação à gestão: 87% dos diretores têm percepção positiva sobre o impacto da BNCC na gestão educacional na escola; esse índice é alto também entre técnicos: nas secretarias estaduais, 86% percebem mudanças e, nas municipais, 88%.
Cerca de 79% dos diretores, 74% dos coordenadores e 70% dos professores têm uma percepção alta ou média-alta dos efeitos da BNCC na centralidade dos currículos. Entre os técnicos municipais e estaduais, essa percepção varia entre 79% e 81%, respectivamente.
Um número relevante de dirigentes municipais declarou, nas entrevistas, que a BNCC trouxe mudanças significativas para os Projetos Político Pedagógicos (PPP), tais como a valorização do contexto do município e das unidades escolares, e a democratização do processo de elaboração desses documentos, com uma maior participação da comunidade escolar.
Mobilização e participação
A boa receptividade da BNCC é vista graças ao elevado grau de participação nas secretarias e escolas, sendo que ainda há espaço para aumentar a participação dos professores:
– Nas escolas, 46% de diretores e 48% de coordenadores têm participação média ou média alta em ações e atividades de implementação da BNCC. Já entre os professores, esse percentual é de cerca de 38%;
– Somente 19% dos diretores e 21,7% dos coordenadores pedagógicos tiveram participação baixa, o que indica que as escolas foram alcançadas.
Diversidade local dos currículos
A BNCC é percebida pelos profissionais da educação como política que favorece a diversidade local. Quando deixa claro o que é comum a todos os estudantes, abre espaço principalmente nas redes municipais, para maior reflexão e discussões sobre identidades dos territórios.
Fortalecimento do regime de colaboração
O regime de colaboração entre estados e municípios foi impulsionado pela construção curricular alinhada à BNCC e se apresenta com maior capacidade de minimizar as desigualdades. Leila Perussolo, secretária de Educação de Roraima e vice-presidência do Consed, comenta: “Sabemos que os municípios e estados trabalharam coletivamente para a construção dos currículos territoriais, em um grande exercício de regime de colaboração. Agora é a vez da implementação. Precisamos somar esforços e perseguir um trabalho conjunto de formação de professores, de produção de materiais didáticos e um uso mais responsivo das avaliações externas”.
A Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC), que encomendou o estudo, divulgou os principais destaques neste texto.