Em pesquisa encomendada pelo Todos Pela Educação em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, o Instituto Natura e o Instituto Sonho Grande, estudantes do Ensino Médio da rede pública foram consultados para compreender sua percepção sobre a escola e a educação.
O levantamento realizado pelo Datafolha traz a visão dos jovens sobre o ensino integral, a importância do educador para o sucesso escolar, a utilização da tecnologia em sala de aula e as expectativas acadêmicas, além de números sobre evasão escolar, formação para o trabalho e perspectivas para o futuro.
Dentre os destaques, o estudo mostra, por exemplo, que 82% consideram sua escola ótima ou boa, contudo, 46% revelam não ter todas as aulas por falta de professores. Em relação ao Novo Ensino Médio, apenas 27% se consideram bem informados e 23% dizem não ter tomado conhecimento das mudanças nessa etapa.
As entrevistas foram realizadas entre fevereiro e abril de 2022 e os dados permitem, além da leitura nacional, uma análise focada em cada uma das 27 unidades da federação.
Conheça os principais resultados
No geral, os estudantes entrevistados avaliam bem a sua escola: 82% consideram ótima ou boa. No entanto, 46% discordam (totalmente ou em parte) que sempre têm todas as aulas, sem problemas de falta de professores; e 20% discordam (totalmente ou em parte) que todos os alunos são respeitados. Ainda segundo o levantamento, o principal motivo que os estudantes levam em conta no momento de decidir onde estudar é a proximidade da escola com o local onde moram, de acordo com 32% das respostas. Nos estados da região Nordeste, essa proporção cai para 27%.
De acordo com a pesquisa, 98% dos estudantes concordam (totalmente ou em parte) que precisariam de opções de formações voltadas para o mercado de trabalho. Já 92% concordam (totalmente ou em parte) que deveriam poder escolher áreas para aprofundar seus estudos. Em relação ao Novo Ensino Médio, a maioria demonstra que ainda não está informada em relação ao novo formato. Do total, apenas 27% se consideram bem informados, enquanto no recorte dos estados da região Norte essa taxa cai para 18%.
Mais de 80% dos estudantes de Ensino Médio afirmam que estudariam em instituições de ensino com atividades características de escolas em tempo integral (como clubes de protagonismo, aulas de projeto de vida, dentre outros). Ao serem questionados sobre a satisfação com a escola, os jovens de escolas de tempo integral demonstraram uma percepção melhor sobre a mesma.
Dentre os que não estudam em instituições com esse formato, 28% afirmam que isso se deve ao fato de não terem tempo por causa do trabalho e 9% dizem que não conheciam ou não encontraram escolas com esse formato para se matricular. Nos estados do Sul, essas taxas sobem para 35% e 15%, respectivamente.
Quase metade dos estudantes entrevistados (49%) discorda (totalmente ou em parte) que os professores sejam reconhecidos e valorizados pela sociedade, enquanto 79% concordam (totalmente ou em parte) que têm ou tiveram um professor que os ajudam a construir seus sonhos. Além disso, o corpo docente é considerado pelo jovens o principal fator para a melhoria na qualidade das escolas.
Sobre esse aspecto, 94% dos entrevistados concordam (totalmente ou em parte) que utilizar recursos tecnológicos digitais poderia ajudar a melhorar a qualidade da escola. No entanto, apenas 57% concordam (totalmente ou em parte) que há internet e computadores nas escolas. Em relação ao acesso à tecnologia digital em casa, apenas 13% afirmam ter acesso a um computador de uso pessoal com internet, enquanto 68% dispõem de um celular para fazer atividades escolares. No Centro-Oeste, essas taxas alteram para 17% e 72%, respectivamente.
Em relação ao abandono escolar, 11% dos jovens pesquisados disseram não estar matriculados em 2020 e 17% afirmaram já ter pensado em abandonar a escola nos 6 meses anteriores à pesquisa. Dentre esses, 48% dizem que pensaram em parar de frequentar a escola para trabalhar, seja para ajudar em casa ou conquistar sua independência financeira.
Do total dos estudantes de Ensino Médio entrevistados, 31% dizem que trabalham fora de casa. Destes, 71% optaram por encontrar um emprego para ter independência financeira e 20% dizem que é para ajudar em casa. No Sudeste, os dados são de 74% e 19%, respectivamente. As porcentagens são semelhantes entre aqueles que ainda não trabalham, mas gostariam.
Questionados sobre as expectativas do que fazer ao concluir o Ensino Médio, 65% dos estudantes pretendem cursar uma faculdade e 22% pretendem cursar o ensino técnico. No entanto, sabe-se que apenas 24% dos jovens de 18 a 24 anos têm acesso ao Ensino Superior, segundo dados anteriores do IBGE mencionados na pesquisa.
Sobre a pesquisa
O estudo utilizou metodologia quantitativa com abrangência nacional, respeitando a distribuição de estudantes com base nos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Saiba mais sobre a pesquisa
Quer saber mais? Acesse o arquivo de apresentação da pesquisa, com recortes a nível nacional e por unidades da federação