Não são poucos os desafios de construir e implementar um referencial curricular que reflita a diversidade do território. Especialmente em um estado tão diverso como Mato Grosso do Sul. Na coordenação de esforços, o papel do analista de gestão, que atua como suporte às redes, pode fazer a diferença.
Meu nome é Thais Dias Luz Borges Santos.
Atuei como Analista de Gestão da BNCC em Mato Grosso do Sul, nas etapas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, e atualmente sou Gestora de Implementação Territorial no Instituto Unibanco.
Depois da experiência de trabalhar no setor público, com assistência social e desenvolvimento rural, e ministrar aulas na universidade, percebi que faria sentido buscar uma oportunidade que conectasse educação e política pública de uma maneira mais macro e estratégica. Ingressar no Programa de Analistas de Gestão foi a virada que buscava em minha carreira. A estrutura do programa permitia que o Analista de Gestão pudesse apoiar os coordenadores estaduais de implementação da BNCC, fazendo a ponte com o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e o Ministério da Educação (MEC), e também nas atividades de implementação articulando o trabalho tanto na secretaria estadual de educação, quanto na seccional da Undime e conselhos de educação.
O trabalho na implementação da BNCC como Analista de Gestão foi a oportunidade de trabalhar na articulação e implementação de uma política pública educacional cujo maior objetivo era o de minimizar as desigualdades de ensino e aprendizagem entre as redes estadual, municipais e particulares de ensino. O grande desafio da implementação da BNCC no Mato Grosso do Sul foi o de articular os 79 municípios em uma política educacional que considerasse os desafios regionais de um estado que faz divisa com outros cinco estados brasileiros e fronteira com dois países (Paraguai e Bolívia). Uma implementação que considerasse ainda as demandas dos quase 30 mil professores atuando nas redes públicas e atendendo a um público de aproximadamente 610 mil estudantes distribuídos em 1.311 escolas públicas.
Meses antes da homologação da BNCC, em 20 de dezembro de 2017, o estado do Mato Grosso do Sul criou a Comissão Estadual para a implementação da Base visando o estabelecimento e cumprimento do regime de colaboração entre o estado e seus 79 municípios. Por esse motivo, o primeiro ciclo do ProBNCC foi marcado por uma série de ações, em regime de colaboração, impulsionadas antes mesmo da definição de cronograma de entregas do MEC e da oficialização de envio de recursos. Além da Comissão Estadual para a Implementação da BNCC, foram criadas Comissões Regionais seguindo a mesma distribuição das Coordenadoria Regionais de Educação da Secretaria Estadual de Educação. O regime de colaboração foi fundamental para o sucesso da implementação no estado. Sem ele não teria sido possível criar uma estrutura com capilaridade e qualidade, levando informação para os profissionais que atuam na ponta, no chão da escola.
Com o novo currículo, os desafios de articulação para criar as condições necessárias à sua implementação aumentaram. Nesse momento o grande objetivo era iniciar um processo formativo com todos os coordenadores pedagógicos e professores. No regime de colaboração foi pactuada a realização do Dia D do Currículo, o início da (re)elaboração do Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas e a aprovação de um sistema de monitoramento e avaliação das ações formativas. Foi preciso criar uma estrutura de cascateamento da formação continuada onde o estado apoiava as regionais e os municípios da regional criavam uma rede de apoio entre si. Na formação em cascata os formadores estaduais formavam os grupos de formadores das regionais; já os formadores das regionais formavam os grupos de formadores locais dos municípios. Os formadores locais eram os coordenadores pedagógicos das escolas e eles tinham a responsabilidade de executar a formação com os professores de sua escola.
Nessa logística, os principais aprendizados foram planejar e organizar as ações de construção, validação e formação do currículo sem considerar o uso do recuso do PAR como fonte principal de recurso para a execução das ações; criar um fluxo de comunicação e alinhamento das ações de formação com secretarias de educação e escolas a partir do diagnóstico das redes, e, definir pontos focais para auxiliar os municípios durante o desenvolvimento das ações em regime de colaboração. O papel do analista de gestão foi fundamental no sentido de poder inovar nas soluções para o enfrentamento dos desafios e conectar pessoas estratégicas no estado e nos órgãos de referência para a educação.