Como a computação aparece na BNCC? De que forma os estudantes precisam se preparar para um mundo cada vez mais digital? Que competências e habilidades precisam ser desenvolvidas para lidar com questões do universo online e para usar os princípios da computação na resolução de problemas cotidianos? Essas foram algumas das questões abordadas na transmissão ao vivo realizada no último dia 16 de outubro, em parceria com a Fundação Telefônica Vivo, sobre o documento Computação – Complemento à BNCC.
Com o desenvolvimento das tecnologias, novas formas de aprendizagem vão surgindo. É fundamental que crianças e jovens tenham garantidos seus direitos de aprendizagem em relação à compreensão, utilização e criação de tecnologias digitais. Há um ano, a Base Nacional Comum Curricular ganhou um documento complementar que estabelece competências e habilidades computacionais a serem desenvolvidas ao longo de toda a Educação Básica. O documento Computação – Complemento à BNCC é parte da BNC, assim como Língua Portuguesa e Matemática, e escolas das redes municipais e estaduais brasileiras devem incorporá-lo aos seus currículos a partir de outubro de 2023.
Um debate sobre como desenvolver as habilidades digitais na prática
A transmissão ao vivo foi aberta por Alice Ribeiro, diretora de articulação e desenvolvimento e co-CEO do Movimento pela Base, que recebeu Lia Glaz, diretora presidente da Fundação Telefônica Vivo. O debate foi mediado por Julia Sant’Anna, diretora executiva do CIEB e ex-Secretária de Educação do Estado de Minas Gerais, com a presença de três especialistas:
- Ana Úngari Dal Fabbro, coordenadora-Geral de Tecnologia e Inovação do MEC;
- Stefanie Eskereski, Secretária Adjunta da Educação do Estado do Rio Grande do Sul;
- Flávio Rodrigues Campos, Professor e pesquisador da Mercer University na área de Educação e Computação.
SAIBA MAIS: Guia de Implementação do Complemento à BNCC, sobre Computação na Educação Básica
SAIBA MAIS: Educação para o mundo digital: o que você precisa saber sobre o anexo de computação da BNCC
“A base é um documento vivo que leva as necessidades vividas no mundo para dentro das salas de aula” , Alice Ribeiro
Alice Ribeiro, Co-CEO do Movimento pela Base, abriu o debate citando as competências gerais da BNCC. A especialista e explica sobre a competência 5, que é sobre cultura digital.
“É na escola que se aprende a lidar com essas transformações e exercer a cidadania” Lia Glaz
Lia Glaz destacou a importância de preparar as novas gerações para um mundo cada vez mais digital e contou como a Fundação Telefônica Vivo apoia o desenvolvimento de competências digitais em educadores e estudantes das escolas públicas. Para ela, a inserção da Computação no currículo da Educação Básica deve partir de uma reflexão profunda sobre como efetivar o desenvolvimento dessas habilidades nas escolas.
Como foi construído o documento que agrega competências computacionais à BNCC
Foi preciso juntar muitas mãos e contar com a colaboração de diversas instituições para elaborar o documento complementar que aprofunda o papel da computação na BNCC. Por isso, o Conselho Nacional de Educação formou um grupo composto por pesquisadores e professores, incluindo membros da Sociedade Brasileira de Computação e universidades federais.
Flávio Rodrigues Campos, professor e pesquisador da Mercer University, foi um dos escolhidos para participar da elaboração do documento. Ele destacou que um dos desafios inerentes a esse processo foi garantir que o complemento curricular fosse capaz de atender às diversas diferenças regionais e particulares que existem em todo o país, além de englobar todas as etapas, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, adaptando-se aos objetivos de aprendizagem de cada fase. Nesse sentido, foram considerados os elementos da cultura digital, do pensamento computacional e do mundo digital, conforme as especificações da Base Nacional, como os três principais eixos do complemento.
Desafios na implementação do currículo
Ana Úngari Dal Fabbro comentou sobre pesquisas recentes que apontam muitas desigualdades no uso das tecnologias nas redes municipais de ensino. Ana destacou que existem também muitas dificuldades relacionados à comunicação e à compreensão das diretrizes curriculares e, além disso, destacou a necessidade de promover a comunicação e a colaboração entre especialistas, professores e secretários para entender o conteúdo do novo anexo.
Estratégias do MEC para garantir que a BNCC de computação seja realidade nas escolas
A coordenadora geral de Tecnologia e Inovação do MEC, Ana Úngari Dal Fabbro, destacou as estratégias adotadas pelo Ministério da Educação com o propósito de promover a cultura digital. Nesse contexto, ela apresentou o programa recém-lançado “Escolas Conectadas”, que foi criado com o intuito de promover a educação com tecnologia e inclusão digital.
Ana citou quais são os seis desafios principais para garantir a implementação efetiva:
- infraestrutura
- ambientes de aprendizado
- formação de professores
- recursos educacionais digitais
- avaliação e pesquisa.
Ana apresentou ainda as plataformas do MEC, que buscam auxiliar na formação dos professores. Conheça o programa AVAMEC
Tecnologia e recomposição de aprendizagens
Ana explicou que a tecnologia pode ser um auxílio benéfico para que os educadores encontrem soluções para os desafios que já enfrentam hoje, principalmente no que diz respeito à recomposição. No entanto, Ana ressaltou que é essencial deixar claro que a tecnologia representa apenas mais um elemento de apoio à prática pedagógica, sem a intenção de substituir o professor ou outras estratégias.
Computação no Rio Grande do Sul
Stefanie Eskereski, secretária adjunta da Educação do Rio Grande do Sul, compartilhou a experiência do estado. Por lá, houve letramento digital para os professores, juntamente com formações sobre metodologias ativas, além de debates com especialistas e representantes de institutos e da universidade federal
Stefanie destacou passos importantes para os estados que vão começar a colocar em prática o documento complementar:
- Primeiramente, é importante oferecer formação continuada aos professores, disponibilizando cursos na plataforma educacional.
- É fundamental revisar periodicamente a formação dos professores a fim de incorporar novos conteúdos e práticas atualizadas.
- É crucial estabelecer uma articulação entre a BNCC de Computação e a visão dos professores que estão em contato direto com os estudantes.
- Para obter sucesso, é recomendado complementar as habilidades presentes em outras áreas do conhecimento com as habilidades da BNCC de Computação.
“A primeira coisa é conversar e explicar para os docentes o que é BNCC da computação”, Stefanie Eskereski
Stefanie afirmou que é importante tornar a BNCC da computação mais compreensível. Desse modo, o trabalho deve ser de sensibilização e formação dos professores, capacitando-os a integrar as tecnologias em suas práticas em sala de aula.
Os professores enfrentam diversos desafios em suas salas de aula, especialmente porque muitos estudantes já possuem habilidades tecnológicas avançadas. Portanto, compreender essa dinâmica e ensinar aos alunos uma reflexão sobre as tecnologias que utilizam é essencial.
Guia de Implementação do documento Computação – complemento à BNCC
A Fundação Telefônica Vivo lançou o Guia de Implementação do Complemento à BNCC sobre Computação. Este recurso oferece um passo a passo para auxiliar na incorporação da tecnologia da computação no currículo das redes de ensino. Clique aqui e acesse o Guia gratuitamente.
Assista aqui à transmissão completa: