Embora o uso de tecnologias digitais esteja amplamente presente na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a formação de professores para esse uso ainda representa um desafio para as redes de ensino no Brasil. Em resposta a esse cenário, o MEC (Ministério da Educação) lançou no último mês uma série de iniciativas focadas nessa formação, incluindo materiais de referência, autoavaliação e um edital para cursos relacionados ao uso de recursos digitais para docentes. O objetivo é permitir que os educadores e gestores se sintam mais capacitados para colocar os saberes digitais em prática. 

Um dos destaques é o Referencial Saberes Digitais Docentes para o uso de tecnologias digitais nos processos de ensino e aprendizagem do Ensino Fundamental e Ensino Médio. Ele consiste, basicamente, em uma matriz com dez saberes docentes organizados e detalhados em três dimensões: Ensino e Aprendizagem com uso de tecnologias digitais; Cidadania Digital; e Desenvolvimento Profissional.

Os chamados saberes digitais contemplam desde a compreensão e conhecimento teórico até a prática docente. Desse modo, permite utilizar tecnologias digitais de maneira intencional e pedagógica para explorar novas metodologias e recursos educacionais; compreender as implicações éticas e legais desse uso e a refletir sobre as práticas em busca de melhorias contínuas. O material traz ainda referências internacionais e nacionais que ajudam a entender como esse tema tem sido tratado em diferentes sistemas de ensino. 

Além do Referencial de Saberes Digitais Docentes, o MEC lançou também uma ferramenta de autodiagnóstico dos saberes digitais docentes para professores e um novo edital para criação de novos cursos na plataforma Avamec, que oferece formação sobre tecnologia em vários níveis. A plataforma já é conhecida dos professores e tem como um dos destaques do catálogo uma série de cursos sobre a BNCC em todas as etapas de ensino e componentes curriculares, recomendado para quem deseja se aprofundar mais no entendimento da Base.

 

A cultura digital como competência na educação

A cultura digital está presente na educação por meio das competências gerais da BNCC, mais especificamente, na quinta competência, que fala da capacidade dos estudantes de compreenderem e utilizarem tecnologias com ética e criticidade, tanto para obter informação como também para produzirem e serem protagonistas do mundo. 

Além disso, a BNCC traz ainda um anexo, a BNCC Computação, lançado em 2022, que criou diretrizes mais específicas para o ensino da computação, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. Ela se concentra em três grandes eixos: Cultura Digital, em que trabalha-se a fluidez do uso digital; Mundo Digital, que oferece aos estudantes entendimento de como a tecnologia funciona; e Pensamento Computacional, que proporciona conhecimentos para criação de soluções e resolução de problemas.

 O documento propõe desenvolver habilidades computacionais, ligadas principalmente ao raciocínio lógico, e também preparar crianças e jovens para viver em um mundo cada vez mais digital, onde questões como privacidade, disseminação de fake news e proteção de dados estão cada vez mais em pauta e exigem um olhar crítico. 

Embora não citem a BNCC nominalmente, as ações de formação docente lançadas pelo MEC podem permitir que os professores se sintam mais preparados para trabalhar esses temas com seus alunos.

 

Tá no mundo, tá na escola, tá na Base

Neste semestre, as competências gerais da BNCC tem ganhado um destaque especial aqui no Movimento pela Base, ilustrando a segunda etapa da nossa campanha  Tá no mundo, tá na escola, tá na BaseEla relembra porque é tão fundamental ter um documento que dá a base para a formação de todas as crianças e jovens, conectando os saberes que devem ser desenvolvidos na escola aos desafios do nosso tempo.

De acordo com a BNCC, todas as crianças e jovens em escolas brasileiras, estejam elas na cidade, no campo, em áreas indígenas, quilombolas ou regiões de fronteira, em instituições públicas e privadas, têm por lei o direito de desenvolver os mesmos conhecimentos, competências e habilidades. E que essas aprendizagens servem de base para todos os saberes que vão ser desenvolvidos durante a vida – muito além da escola, daí o destaque para as competências gerais. 

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