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[Análise] Em Igarassu, Pernambuco, a priorização curricular tem participação dos educadores

Ações na pandemiaAnálises e contextos

Por Fábio Belarmino Bezerra, técnico da Secretaria Municipal de Educação de Igarassu (PE) e participante do Programa de Embaixadores da BNCC

Desde 2015 trabalho na Secretaria Municipal de Educação de Igarassu, em Pernambuco. Este também foi o ano em que a formação continuada dos educadores passou a ser política pública. Em 2018, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o currículo estadual e o municipal começaram a ser tratados nesses encontros formativos de forma mais intensa (saiba mais sobre a construção do currículo e a organização da formação continuada na rede nesta reportagem).

Em 2020, quando a pandemia nos obrigou a fechar as escolas e iniciar o ensino em formato remoto, percebemos que nem tudo o que estava previsto nos planejamentos das turmas conseguiria ser realizado. Ao mesmo tempo, deveríamos garantir o direito de aprendizagem de todos os alunos e seguir o que está indicado na BNCC e no nosso currículo. Começamos então a discutir sobre um currículo prioritário para adotar na rede, pensando quais habilidades e competências seriam necessárias para abordar em 2020 e 2021 nessa situação de excepcionalidade. Fizemos questão de ouvir representantes dos professores e os coordenadores pedagógicos, já que os profissionais são fundamentais para que o currículo ganhe vida na escola. As dificuldades e opiniões dos educadores precisam ser levadas em conta e impulsionar mudanças nos documentos orientadores.

Para realizar a priorização curricular, vimos as habilidades essenciais para cada ano escolar e etapa. Esse processo não foi simples porque precisamos fazer escolhas e ter critérios claros para isso: pensamos quais habilidades não teriam sentido de ser trabalhadas nos anos seguintes, quais seriam abordadas de forma interdisciplinar e quais unidades temáticas estariam articuladas. Com o currículo prioritário finalizado, apresentamos então a todos professores, coordenadores e o conselho municipal de educação.

Em 2021, as formações continuadas tiveram atenção especial para o currículo prioritário. Na política de formações estabelecida na rede, os encontros ocorrem a cada quinze dias, normalmente de forma presencial e, durante a pandemia, de maneira remota. Coordenadores pedagógicos e diretores participam com os professores, e todos têm a oportunidade de trocar experiências e discutir juntos. O diálogo das equipes se complementa a distância, com mensagens trocadas em grupos criados nas redes sociais. Outra estratégia são os acompanhamentos realizados pela equipe da secretaria individualmente com cada escola.

Vimos a necessidade de apoiar os professores nas diferentes interações com os alunos, sejam elas feitas de forma remota (em encontros síncronos ou assíncronos), nas atividades entregues de forma impressa, acompanhadas no celular ou no computador. A aprendizagem de todos os estudantes importa: tanto aqueles que têm internet e conseguem acompanhar as atividades cotidianas quanto os que buscam atividades na escola apenas mensalmente. Juntos, procuramos minimizar ao máximo as dificuldades apresentadas pelos nossos alunos nesses momentos tão difíceis da pandemia.

 

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Em setembro de 2021 estamos retomando as atividades presenciais e, sabendo da nova fase, revendo o currículo prioritário. A equipe escolar está definindo quais habilidades e competências essenciais, o que precisa ser reforçado e recuperado, levando em conta a experiência e o processo já percorrido neste último ano e meio. Teremos aulas presenciais, mas ainda sim um rodízio de turmas e uma convivência com o formato remoto. Essa variedade de possibilidades exige muita resiliência da equipe da educação e interfere no planejamento que é feito. Para os estudantes, tudo é diferente também, porque eles precisam se adaptar à nova rotina na escola e à convivência com os colegas. Aqueles que estão entrando no Ensino Fundamental, por exemplo, estavam na Educação Infantil antes da pandemia e agora precisam se alfabetizar. É tudo muito novo e precisamos estar atentos ao acolhimento e às competências socioemocionais. As avaliações diagnósticas apoiam todo esse movimento, verificando quais os conhecimentos de cada um para guiar os avanços.

Graças ao profissionalismo e esforço por parte dos professores, coordenações pedagógicas e da equipe pedagógica da secretaria municipal, procuraremos continuar minimizando as dificuldades e avançar na oferta de educação de qualidade para todos.

A seguir, veja um pequeno depoimento do técnico sobre a participação dos educadores: