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Planejamento pedagógico para o retorno às aulas presenciais em Caruaru (PE)

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Em 2020, as escolas foram fechadas devido à pandemia, mas a equipe da secretaria municipal de educação de Caruaru, em Pernambuco, se esforçou para já deixar pronto o planejamento para a volta às aulas presenciais. Com o passar dos meses, havia clareza sobre a organização dos espaços e a questão sanitária, mas a área pedagógica estava menos definida. João Cêpa, dirigente municipal de educação que assumiu a gestão em março de 2021, diz: “Já tivemos um ano e meio de pandemia, com perdas diversas e aumento das desigualdades. Para lidar com esse cenário, concentramos o planejamento em organizar o currículo, a avaliação diagnóstica e os materiais alinhados a essas iniciativas, buscando uma coerência entre as ações para favorecer a aprendizagem dos estudantes”.

O currículo municipal foi adaptado para dar prioridade a habilidades essenciais de serem abordadas em cada bimestre letivo de 2021. Tendo apoio dos Mapas de Foco nesse processo de seleção, João explica que foi estruturado um continuum curricular para 2021, 2022 e 2023: nele, dois terços do tempo previsto com os estudantes é direcionado para o reforço ou retomada das aprendizagens, e um terço do tempo é para o trabalho com as habilidades previstas para o próprio ano. A rede também disponibilizou materiais (nas fotos abaixo) para apoiar o professor e os estudantes com o mesmo foco de reforço e progressão.

Enfim, na escola

O secretário explica que durante o fechamento das escolas, o objetivo das atividades realizadas de forma remota era manter o engajamento e alcançar o maior número de alunos possível.

O retorno às atividades presenciais está sendo realizado gradualmente entre agosto e setembro, e as aulas são estruturadas de forma híbrida: as turmas foram divididas e metade frequenta a escola em cada semana, o que favorece as medidas sanitárias para evitar a pandemia. Com a reabertura, os professores têm maior visibilidade sobre o processo de aprendizagem dos estudantes e formas de intensificar as estratégias de mediação. “Com os encontros presenciais, o tempo de resposta entre a aula, a realização das atividades e a correção pelo professor fica menor do que estava sendo no remoto, quando muitos dos estudantes recebiam atividades impressas para uma quinzena, por exemplo”, diz João.

 

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Eliana Wanessa Lima Tabosa é a gestora da Escola Municipal Professor Leudo Valença, que atende 1.147 estudantes do Ensino Fundamental em Caruaru. Ela conta sobre os preparativos para a recepção de professores e estudantes nessa volta ao presencial: “Fizemos um plano de acolhida para os professores, sabendo que sentiam falta do ambiente escolar, dos colegas e das aulas; e um plano para receber os estudantes, mostrando o quanto é essencial a participação deles nas aulas remotas e agora, presencialmente”. Se nos primeiros encontros a equipe escolar notou crianças e jovens mais introspectivos, nos momentos seguintes as turmas voltaram a ocupar seus espaços, interagir e aproveitar a presença dos colegas (na imagem abaixo, mural preparado pelos estudantes nos primeiros dias de aula).

As formações continuadas oferecidas pela secretaria durante esse período pretenderam orientar o trabalho realizado dos professores e, segundo a gestora Eliana, as escolas tinham a preocupação de notar as peculiaridades das turmas e garantir que as demandas para organização dos planos de ensino fossem atendidas (na foto do topo da página, os educadores em estudo e preparativos para as propostas de forma híbrida).

Olhar atento para a avaliação

Em toda a rede municipal, as turmas de 2º a 9º anos já começam a fazer as avaliações diagnósticas (como na imagem abaixo). Nas escolas, as equipes vão analisar os dados do grupo de estudantes e planejar ações necessárias para o coletivo – segundo Eliana, “será possível caminhar com maior precisão”. Para o professor, serão construídos planos de desenvolvimento individual, sendo possível olhar as habilidades não consolidadas e que precisam ser atingidas.

Para apoiar os estudantes que mais precisam recuperar aprendizagens, a secretaria contratou 300 tutores que acompanharão o desenvolvimento de cada um no contraturno, em sala de aula e de forma remota. “Queremos fortalecer o modelo híbrido, porque será a ferramenta de ampliação da carga horária do aluno para reforço da aprendizagem”, diz João. E para as turmas de 5º e 9º o atendimento ainda é mais intensificado, com aulas aos sábados, sabendo da importância dos preparativos para o Saeb, a avaliação externa voltada para esse público.

A defesa sobre a avaliação diagnóstica na volta às aulas presenciais é feita pelo secretário como estruturante para o planejamento: “A avaliação ajuda a materializar a necessidade da retomada de habilidades e conhecimentos prévios. Dá a dimensão do senso de urgência e dos passos a seguir. Este não é um ano normal, em que podemos manter um planejamento corriqueiro ou considerar que os estudantes tiveram um aproveitamento total durante as aulas remotas. Antes da pandemia já tínhamos um cenário de desigualdade e distorção de idade e série. Agora é uma oportunidade de retomada e revisão nos próximos anos, passando por um processo profundo de recuperação das aprendizagens”.

Como próximos passos, está previsto um sistema integrado de avaliação de toda a rede: três vezes ao ano vai ser realizada uma avaliação formativa para monitorar o currículo de cada ano, será feita uma avaliação de fluência para as turmas de alfabetização e ainda uma avaliação anual, em anos pares. João afirma: “Acredito que ninguém imagina que vai conseguir resolver as lacunas da pandemia em pouco tempo. É necessário manter uma espinha dorsal de planejamento, sempre olhando para o currículo e procurando identificar nas avaliações se os estudantes chegaram no patamar próximo do esperado para cada ano letivo. Apesar dos desafios, continuamos com a mesma responsabilidade de garantir que os estudantes aprendam”.

 

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