Ensino Médio

[Análise] Implementação do currículo do Novo Ensino Médio em Pernambuco: formação de professores

Análises e contextos

Por Ana Coelho Vieira Selva (Secretaria de Educação de Pernambuco-SEE/PE e Universidade Federal de Pernambuco/UFPE), Durval Paulo Gomes Júnior (SEE/PE), Alison Fagner de Souza e Silva (SEE/PE) e Ana Carolina Ferreira de Araújo (SEE/PE)

A finalização do processo de construção do Currículo com parecer do Conselho Estadual de Educação inaugura a fase seguinte, que é sua implementação.  O planejamento da implementação é fundamental, pois o currículo só será realizado em práticas se os professores se apropriarem do documento, a escola e sua comunidade revisarem o Projeto Político Pedagógico e a organização escolar e da rede estiverem adequadas para atender o novo currículo (SACRISTAN, 2000).  No caso do Novo Ensino Médio devemos considerar as diversas mudanças propostas, que incluem ampliação de jornada para 3.000h anuais no mínimo, a oferta de diferentes Itinerários Formativos por parte das escolas, a flexibilidade de escolhas dos mesmos por parte dos estudantes, sistema de créditos e semestralidade nos Itinerários Formativos, a infraestrutura necessária às escolas, unidades curriculares novas e integração intra e entre áreas do conhecimento. Além de normatizar todos esses aspectos, é necessário também tratar da mobilidade dos estudantes entre Itinerários Formativos, entre escolas e entre estados. Desafio imenso se impõe às redes que ofertam o ensino médio.

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Desses desafios elencados acima, a formação de professores é de extrema relevância, garantindo que os Itinerários Formativos façam sentido, tenham um percurso de formação e não se constituam como um amontoado de unidades curriculares isoladas.

Planejar a formação de professores impõe conhecer o Currículo, as competências gerais, de área e suas habilidades, mas também os Eixos Integradores e Transversais, os componentes curriculares e habilidades da Formação Geral Básica, as unidades curriculares dos Itinerários Formativos, a articulação entre Formação Geral Básica e Itinerários Formativos, a arquitetura desenhada para o ensino médio. O papel das Secretarias Estaduais de Educação é fundamental para estruturar as ações formativas, junto com as Gerências Regionais de Educação e Escolas, assegurando que as escolhas dos Itinerários Formativos por parte das escolas dialoguem com os estudantes e professores e que eles sejam ofertados garantindo o aprofundamento nos conhecimentos previstos para o ensino médio, em uma ou mais áreas do conhecimento.

Devemos ter clareza que a formação deverá ser um processo contínuo, de valorização da pluralidade e a heterogeneidade do saber docente (TARDIFF, 2002), construindo as unidades curriculares dentro dos itinerários formativos propostos. O próprio processo de construção curricular, realizado com amplo diálogo, como aconteceu em Pernambuco, pode ser compreendido como uma etapa inicial e mobilizadora da rede de professores do ensino médio, apoiando a compreensão deste documento, especialmente sua fundamentação e nova arquitetura.  O passo seguinte tem sido constituir uma ampla rede de formadores em cada gerência regional de educação, que atua em duas frentes: com a gestão da escola e com os professores. A gestão escolar deverá liderar a revisão do Projeto Político Pedagógico (PPP), a definição das trilhas dos Itinerários Formativos que serão oferecidas, a distribuição dos professores entre as unidades curriculares, a articulação com o órgão central da Secretaria de Educação para garantia da adequação dos espaços disponíveis, considerando a nova arquitetura. A segunda frente de ação, junto aos professores, terá como foco a formação continuada, considerando a nova arquitetura, a redução da carga horária referente à Formação Geral Básica e, especialmente, a oferta dos Itinerários Formativos, com suas unidades curriculares específicas, inovadoras na formação de todos os docentes.

Com todos esses encaminhamentos, dentro de um planejamento de ações estratégicas, o Novo Ensino Médio se constituirá nas redes e escolas, trazendo a inovação e flexibilidade, especialmente com os Itinerários Formativos, fortalecendo o protagonismo estudantil, a articulação com as juventudes, e, especialmente, a formação crítica, criativa e cidadã.

 

 

Referências

SACRISTÁN, J.  O  currículo:  uma  reflexão sobre  a  prática.  Porto  Alegre:  Artmed, 2000.

TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional Petrópolis: Vozes, 2002.

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