Educação Infantil

Cadernos de recomposição das aprendizagens em Minas Gerais apoiam implementação do currículo alinhado à BNCC

Boas práticas
Cadernos de recomposição das aprendizagens em Minas Gerais

Para apoiar os professores de Minas Gerais a implementar o currículo alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) durante a pandemia, a Escola de Formação da Secretaria de Educação do Estado desenvolveu o Plano de Curso, um documento que orienta de forma prática a organização do currículo do estado. “O material traz um esquema com todas as habilidades do currículo organizadas em progressão para serem trabalhadas bimestre a bimestre”, explica Weynner Rodrigues, superintendente da Escola de Formação. Encabeçado pelo currículo, o plano orienta um conjunto de ferramentas pedagógicas que a rede oferta numa plataforma digital para os professores, como as trilhas de formações continuadas e materiais de apoio para sala e sugestões de atividades (cadernos MAPA, Jornal Lupa e aulas do programa Se Liga na Educação). Para além de apresentar como trabalhar a matriz curricular, os materiais têm apoiado na recomposição das aprendizagens dos estudantes. 

Veja também: Materiais alinhados à BNCC para apoiar a recomposição de aprendizagens pós-pandemia

Veja também: Avaliações na educação básica: materiais, análises e notícias

O plano também contempla uma visão mais transversal das habilidades, trazendo orientações pedagógicas de como aplicá-las, análises de compatibilidade entre as habilidades da BNCC e os descritores das matrizes de referência das avaliações de larga escala para Língua Portuguesa e Matemática. Além disso, traz sugestões de como propor o trabalho com  as habilidades levando em conta os livros mais selecionados pela rede no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). “A intenção é que o professor tenha materiais e conhecimento disponíveis para desenvolver as habilidades necessárias com os alunos e um guia para aproveitar ao máximo seu tempo de planejamento”, aponta Weynner.

Um dos instrumentos disponibilizados em 2020 e 2021 para o planejamento docente que é destaque entre as ações da rede foi o Plano de Estudo Tutorado (PET), um caderno de apoio para as propostas com os alunos com foco nas habilidades essenciais para o período de pandemia, com sequências didáticas e sugestões de atividades. 

Atualizações em 2022: recomposição das aprendizagens e retorno presencial

Em 2022, os materiais construídos para o período de atendimento remoto aos estudantes foram atualizados e ressignificados para atender à retomada do ensino presencial e à recomposição de aprendizagem e passaram a ser chamados de Material de Apoio Pedagógico de Aprendizagem (MAPA). Os cadernos – conhecidos pelo nome de Cadernos MAPA – ficam disponíveis online, no site da secretaria. Isso permite também aos alunos acesso às atividades e conteúdos utilizados pelo professor e  para o download dos arquivos.

As atualizações dos materiais e formações continuadas disponíveis na plataforma da Escola de Formação são frequentes: acontecem semestralmente a partir das análises das avaliações diagnósticas da rede. “Quando percebemos que tem alguma habilidade que os estudantes não estão conseguindo desenvolver, entendemos que é algo que precisamos investir na formação e tentamos fazer pelo MAPA esse percurso para que o professor entenda melhor como desenvolvê-la com a turma”, diz Geniana Faria, secretária de estado adjunta de educação de Minas Gerais. Como o estado atua em regime de colaboração com os municípios, as ferramentas atendem professores e alunos do 1º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Não são de uso obrigatório, mas a utilização é incentivada como um subsídio para implementação do currículo.

Veja também: EJA em Mato Grosso do Sul: iniciativas e desafios enfrentados

Veja também: A utilização da documentação pedagógica na Educação Infantil a partir dos conceitos da BNCC

O uso do material na prática

Todos os materiais são produzidos pelos professores da rede. Vinicius Braz fez parte do grupo de autores de um dos cadernos de Biologia. Além de dar aulas para o Ensino Médio no estado, ele é formador de Ciências da Natureza na Escola de Formação. Para ele, ter um documento orientador que não é “engessado”, mas que ajuda os docentes a compreenderem melhor uma habilidade, é um ganho num contexto complexo de implementação do novo currículo, da reforma do Ensino Médio e do pós-pandemia. “Os cadernos MAPA nos possibilitam entender o que mudou e seguir propostas ou adaptá-las com a nossa bagagem pedagógica”, diz Vinicius. Ele adapta a cada bimestre o uso do caderno conforme sua necessidade. Em alguns bimestres, já seguiu à risca as propostas. “Foi uma experiência fantástica e algumas aulas foram muito marcantes, como a sequência em que trabalhamos como seria ‘O Rei Leão’ se fosse filmado em diferentes biomas do Brasil, como floresta amazônica ou caatinga”, relembra. Nesse caso, foram trabalhadas habilidades do componente de Biologia, mas também competências gerais, como pensamento crítico e criativo, comunicação, argumentação, cooperação e cultura digital.

Sua experiência com a aplicação dos cadernos MAPA em sala tem surpreendido até mesmo ele, que ajudou na elaboração. “Bioquímica é praticamente  o terror dos estudantes! Reúne duas áreas do conhecimento distintas e inclui muitas vezes trabalhar com o abstrato”, conta Vinícius. Ele exemplifica que já é complexo para muitos, por exemplo, entender o que é um átomo. A aplicação disso para fenômenos biológicos envolvendo átomos e moléculas pode ser ainda mais complicada.  “Mas desenvolvi uma sequência didática sugerida no MAPA e o resultado com a turma foi muito positivo e diferente! Nunca mais vou dar aula de bioquímica do mesmo jeito que eu dava depois dessa experiência que tive”, conta. Vinicius destaca que o fato do material trazer uma boa contextualização das habilidades e das discussões propostas, bem como sugestões de atividades criativas e confiáveis, facilita o planejamento do professor. 

O mapa MG funciona como um guia formativo para o professor trilhar a partir de dúvidas práticas e tem à disposição diferentes ferramentas pedagógicas para utilizar em sua formação continuada e planejamento de aulas. FONTE: reprodução/site Secretaria de Estado da Educação de Minas Gerais

Outra ferramenta que está ganhando destaque na rede são as edições do Jornal Lupa. São duas publicações da Lupa: uma que reúne textos de gêneros diversos (organizados em seções, como um jornal mesmo) e outra que, baseada nos textos do jornal, propõe atividades relacionadas às habilidades de compreensão leitora, interpretação e tratamento da informação. Apesar do principal enfoque serem os alunos do 5º ano ao 3º ano do Ensino Médio, Weynner afirma que as propostas mais simples também estão sendo utilizadas por professores de outros anos, com estudantes mais novos. “O Jornal Lupa é bastante utilizado porque flerta com todos os componentes curriculares na intenção de provocar o hábito da leitura, desenvolver mais a oralidade e compreensão leitora, habilidades que apoiam o desenvolvimento para outras”, explica o superintendente.

Além de instrumentalizar o planejamento docente com o que ensinar, caso do plano de curso, Jornal Lupa e dos Cadernos MAPA, há ações voltadas para o como ensinar. Entre os materiais, estão trilhas de cursos disponibilizadas na plataforma digital para a formação continuada em competências e habilidades, e uma programação diária na Rede Minas, TV Brasil e nos canais do YouTube da Rede Minas e do Estúdio Educação MG que mostra os professores lecionando as sequências didáticas dos cadernos MAPA e do Jornal Lupa.

“Temos percebido que a utilização dos Caderno MAPA e dos materiais da trilha formativa acarretou  num impacto positivo no rendimento e nas notas dos nossos estudantes nas avaliações”, relata Weynner. Para quem está na sala de aula, os cadernos também se tornaram um instrumento de engajamento dos alunos, pois além de trazerem propostas criativas, incentivam a participação de todos. “São contextualizações e sugestões que ajudam a exercitar a comunicação e a discussão dos temas, o espírito investigativo, propondo que o conhecimento seja construído com os pares. Tudo isso aumenta o protagonismo dos estudantes”, diz Vinicius. 

Para 2023, acontecerá uma nova revisão dos materiais disponíveis, além da ampliação das orientações para o Ensino Médio, que hoje atendem ao currículo básico comum e passarão também a cobrir os itinerários formativos. Também serão disponibilizadas pílulas com orientações específicas sobre cada habilidade. Com esse conjunto de ferramentas, tanto professores quanto estudantes podem trilhar seus percursos para garantir a aprendizagem com informações de confiança e alinhadas ao currículo de referência.