O processo de reformulação do Ensino Médio no Brasil tem sido frequente nos debates de escolas, secretarias e famílias. Entre os desafios pedagógicos e estruturais na implementação do novo modelo está a produção de livros didáticos atualizados e alinhados com as transformações curriculares.

Sob pressão de estudantes e professores, o governo suspendeu o calendário de implementação do Novo Ensino Médio, que deveria estar implementado até 2022. E passou a discutir um novo modelo, que chamaremos de “Novo Ensino Médio 2.0”. Com isso, a produção dos livros didáticos precisará ser revista. E essa indefinição sobre quais serão as mudanças propostas impacta 6,4 milhões de estudantes da etapa, que poderão ficar sem materiais didáticos devidamente alinhados aos currículos em 2024, 2025 e 2026, como noticiou o jornal Folha de S. Paulo.

Se o Novo Ensino Médio 2.0 começar a valer a partir de 2024, os estudantes estarão com materiais desalinhados – o que pode comprometer a qualidade da implementação.

A produção de livros didáticos  e o impacto no Novo Ensino Médio

A produção dos livros didáticos para o Novo Ensino Médio é organizada pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), vinculado ao Ministério da Educação. Todo esse processo dura cerca de dois anos. Devido às incertezas em relação ao novo modelo, essa produção não foi iniciada no tempo necessário para garantir a disponibilidade de livros atualizados no curto prazo.

Ao que tudo indica, as mudanças propostas no “Novo Ensino Médio 2.0” devem afetar a carga horária e os itinerários formativos, que funcionam como trilhas de aprendizagem em que os estudantes podem escolher em que querem se profundar ou optar por uma formação técnica. O modelo atual estabelece a oferta de cinco itinerários, enquanto a versão 2.0 pode reduzir para dois ou três. Isso implica na necessidade de livros específicos para cada itinerário.

A Formação básica, parte que é comum a todos os estudantes e que tem a BNCC como referência, ocupará uma parcela maior da carga horária, enquanto os itinerários serão reduzidos. Há também a possibilidade de inclusão de novas disciplinas e conteúdos – como é o caso de Língua Espanhola o que requereria a produção de material didático específico para essa disciplina. Essas mudanças exigem uma adaptação nos livros didáticos, que precisam oferecer conteúdo atualizado e condizente com os novos currículos.

Como resolver esse impasse

Para garantir que os estudantes tenham acesso a livros didáticos adequados durante essa transição, é fundamental que o governo e as editoras ajam de forma rápida e eficaz. É preciso estabelecer um plano de produção que permita a elaboração, revisão e distribuição dos livros de acordo com as mudanças propostas.