A alfabetização é uma etapa crucial na vida de cada criança, pois é a partir dela que se abrem as portas para o aprendizado contínuo e o desenvolvimento integral. No Brasil, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) desempenha um papel essencial ao orientar que esse processo assegure que todas as crianças tenham acesso ao aprendizado das competências necessárias para participar de forma ativa e crítica na sociedade.
De acordo com a BNCC, a alfabetização deve ser promovida de forma integrada e contínua, garantindo que as crianças não apenas aprendam a decodificar palavras, mas também desenvolvam uma compreensão profunda da linguagem escrita. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, espera-se que os estudantes adquiram não só habilidades de leitura e escrita, mas que essas competências estejam atreladas à capacidade de compreender, interpretar e produzir textos em diferentes contextos.
No cenário atual, ainda estamos distantes dessa meta, mas a BNCC estabelece também que a alfabetização deve ocorrer até o final do segundo ano do Ensino Fundamental, e isso exige estratégias pedagógicas inovadoras, apoio contínuo a educadores e uma visão integrada das diferentes áreas do conhecimento.
Por isso, neste Mês da Alfabetização, reforçamos a importância de ter currículos pautados em práticas pedagógicas que promovam a equidade e a qualidade no ensino. Veja a seguir algumas indicações importantes que devem fazer parte desse planejamento curricular.
Como se organiza o processo de alfabetização na BNCC
A BNCC indica que os estudantes devem ser alfabetizados entre o 1º e 2º anos do Ensino Fundamental, o que significa que a alfabetização deve ser o foco da ação pedagógica nesse início da vida escolar. Vale lembrar que ser alfabetizado implica não apenas decifrar o código de escrita alfabético, mas compreender o que foi lido, como indicado no texto da Base:
“Esses conhecimentos de alfabetização até o 2º ano incluem a criança compreender diferenças entre escrita e outras formas gráficas, dominar as convenções gráficas, conhecer o alfabeto, compreender a natureza alfabética do nosso sistema de escrita, dominar as relações entre grafemas e fonemas, saber decodificar palavras e textos escritos, saber ler, reconhecendo globalmente as palavras, ampliar a sacada do olhar para porções maiores de texto que meras palavras, desenvolvendo assim fluência e rapidez de leitura.”
Em Língua Portuguesa, a BNCC indica que o trabalho de alfabetização deve contemplar quatro diferentes práticas de linguagem:
- Leitura
- Produção de Textos
- Oralidade
- Análise Linguística/Semiótica
Nesse sentido, ela não difere tanto de documentos anteriores, como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), mas inova ao trazer os campos de atuação para a organização dos objetivos e habilidades que devem ser desenvolvidos durante todo o Ensino Fundamental. De forma geral, isso demanda mais protagonismo dos alunos, mesmo os de anos iniciais, deixando bem clara a necessidade de contextualizar as práticas de linguagem. Para isso, a Base leva em conta os campos:
- Da vida cotidiana
- Da vida pública
- Das práticas de estudo e pesquisa
- Artístico/literário
Outro diferencial da BNCC nesse sentido é que ela propõe a articulação entre as práticas, a partir do entendimento de que a língua mobiliza os diferentes saberes. Assim, as habilidades de escrita aparecem constantemente integradas com práticas linguísticas como as de leitura e as de análise linguística/semiótica.
Vale lembrar ainda que não há imposição de metodologias, o que garante a autonomia das redes e reforça a pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas. Por um lado, a criança deve se apropriar do funcionamento do sistema de escrita alfabética. Por outro, por meio das práticas sociais de leitura e escrita, é que ela entende o uso da língua no cotidiano, em práticas de linguagem vivenciadas dentro e fora da escola. Essas duas vertentes do processo devem ocorrer de forma simultânea.
Ou seja: as habilidades para compreensão das relações grafofonêmicas devem estar sempre relacionadas às práticas de leitura, produção e oralidade articuladas aos textos. E para que essa compreensão da linguagem inserida na vida prática se consolide, a proposta da BNCC é trabalhar com novos e diversos formatos de textos, que não se limitem aos livros didáticos. Vídeos, podcasts ou conteúdos de novos formatos devem fazer parte das aulas.
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